É do conhecimento cientifico que a adubação com insumos orgânicos sejam de animais ou palhadas além de melhorar as propriedades físicas e químicos do solo induzem a melhor aproveitamento dos adubos minerais na cafeicultura sempre que disponível e econômico tem-se utilizado de esterco de aves bovinos suínos etc bem como a palhada de café e outros.
Nas últimas décadas surgiu também o costume de produzir compostos nas fazendas e mais recentemente os adubos organomineral constituido de uma fonte de matéria orgânica com um mínimo de 8% e até 30% de umidade associado adubos minerais como sulfato de amônio ureia MAP superfosfato simples cloreto de potássio e outras fontes e as fontes orgânicas como turfa estercos palhadas etc.
No presente trabalho desenvolvido no campo experimental Isidoro Bronzi da ACA em Araguari-MG. Testou-se a eficiência de adubos organomineral Multiferil em suas fórmulas 21-00-00 e 14-00-14 o primeiro na fase de pós esqueletamento utilizando somente o N em vista de teores adequados dos demais nutrientes no solo na época da instalação. A 14-00-14 foi utilizada na primeira produção após o esqueletamento também sem utilização de P2O5 por estar em teor adequado. Para o desenvolvimento do ensaio utilizou-se da cultivar Catuaí Amarelo IAC-62 espaçado de 37 x 07 m em solo Latossolo (LVA) de clive de 5% 820 metris de altitude com 15 para 16 anos e irrigado por gotejamento.
O desenho experimental adotado foi de blocos ao acaso com 4 repetições em parcelas de 7 plantas com as 5 centrais úteis. Na condução do trabalho os tratos fitossanitários e culturais foram iguais para todos os tratamentos com o decote 18 m e o esqueletamento 20-30 m realizado em 23/12/2017 em vista do depauperamento dos cafeeiros.
No primeiro ano foi realizado a subsolagem com 2 hastes em ambos os lados da linha de café antes da poda e o “cisco” (folhas e ramos) triturado aplicados nos dois anos de condução seguindo os tratamentos. Os demais tratos nutricionais exceto para N-K2O também foram comuns para todos os tratamentos estudados.
As doses de N-K2O foram explicitadas na tabela 1 juntamente com os resultados de produção e biometria (comprimento de ramos e número de internódios). Os níveis estudados foram: no primeiro ano com adubos químicos com 158 kg/ha de N sendo a 1ª adubação 250 kg/ha de sulfato de amônio com 10 cm de brotos a 2ª adubação 120 kg/ha de ureia brotos com 20-30 cm e a 3ª adubação 120 kg/ha ureia brotos com 30-40 cm. No segundo ano foram 400 kg/ha de N + 400 kg/ha de K2O a 1ª com 500 kg/ha de sulfato de amônio em outubro e mais 3 vezes iguais de 218 kg/ha de ureia + 333 kg/ha de cloreto de potássio em dezembro fevereiro e março.
Com os adubos organomineral foram 3 de 217 kg/ha da fórmula 21-00-00 nas mesmas épocas do químico seguindo a fisiologia de crescimento 136 kg/ha de N para a dose 1 182 kg/ha de N na dose 2 com 3 de 290 kg/ha da mesma fórmula e 360 kg/ha x 3 da mesma fórmula na dose 3 totalizando 227 kg/ha de N.
No 2º ano a dose 1 foi de 240 kg/ha de N e 240 kg/ha de K2O com 857 kg/ha em outubro e 857 kg/ha em janeiro a dose 2 foi de 320 kg/ha de N e 320 kg/ha de K2O com 1143 kg/ha em outubro e 1143 kg/ha em janeiro e a dose 3 foi de 400 kg/ha de N e 400 kg/ha de K2O com 1428 kg/ha em outubro e 1428 kg/ha em janeiro de organomineral.
Resultados:
A tabela 1 que reúne os resultados obtidos para o primeiro e segundo anos de condução mostra que a biometria realizada evidencia com significância a superioridade dos tratamentos em relação a testemunha não adubada sem diferença entre eles aos 18 meses e melhores resultados de crescimento inicial 6 meses para a maior dose de organomineral.
Na mesma tabela a produtividade média com ou sem a presença da aplicação do “cisco” é menor na menor dose do organomineral seguido do químico. As doses intermediárias e a maior do organomineral mostrou-se excessiva provavelmente por algum excesso ou desequilíbrio entre os nutrientes.
Com a presença do “cisco” as doses do químico intermediária e a maior do organomineral são equivalentes e a mais baixa apresenta maior produtividade. Sem o “cisco” a maior dose do organomineral foi negativa provavelmente pelos motivos expostos anteriormente que são melhores detalhados no prosseguimento da tabela. Quanto a análise foliar aqui não apresentada destacou-se maior teores de matéria orgânica nos tratamentos organomineral menor acidez (pH e Al) e índice de saturação por bases (V%) com 306 nas testemunhas 226 nos adubos químicos 279 na dose 1 313 na dose 2 e 284 na dose 3 dos organominerais. O K é baixo 19% da CTC nas testemunhas 45% no químico e de 35 a 41% nos organominerais.
Tabela 1. Adubação N-K2O em cafeeiro esqueletado com adubos químicos comparativamente com organomineral multifertil.
Tratamentos | 1ª Produção pós poda (scs ben/ha) | % dos trat | % da média | Biometria | ||||
1ª ano – 6 meses | 2ª ano – 18 meses | |||||||
Comp. ramo | Nº internódio | Comp. ramo | Comp. ramo | |||||
1 – Testemunha | C/cisco | 328 c | 100 | 100 | 145 c | 52 d | 217 a | 77 b |
S/cisco | 348 bc | 100 | 142 c | 45 d | 122 b | 60 c | ||
Média | 338 | - | - | - | - | - | ||
2 - Químico (N-K2O) | C/cisco | 464 abc | + 41 | + 305 | 185 abc | 82 ab | 245 a | 92 a |
S/cisco | 419 abc | + 20 | 185 abc | 75 abc | 257 a | 95 a | ||
Média | 441 | - | - | - | - | - | ||
3 – Organomineral multifértil – dose 1 (N-K2O) | C/cisco | 560 a | + 70 | + 600 | 185 abc | 70 c | 222 a | 92 a |
S/cisco | 522 ab | + 50 | 185 abc | 72 bc | 245 | 92 a | ||
Média | 541 | - | - | - | - | - | ||
4 – Organomineral multifértil – dose 2 (N-K2O) | C/cisco | 405 abc | + 23 | + 198 | 18 abc | 82 ab | 25 a | 97 a |
S/cisco | 406 abc | + 16 | 222 ab | 75 abc | 23 | 95 a | ||
Média | 405 | - | - | - | - | - | ||
5 – Organomineral multifértil – dose 3 (N-K2O) | C/cisco | 431 abc | + 31 | + 78 | 23 a | 85 a | 252 a | 95 a |
S/cisco | 309 c | - 12 | 235 a | 82 | 212 | 97 a | ||
Média | 365 | - | - | - | - | - | ||
CV % | 1819 | - | - | 1464 | 95 | 1273 | 1146 |
Conclusão:
Até a 1ª safra após a poda por decote e esqueletamento o adubo organomineral multifertil pode ser utilizado com redução de níveis de N-K2O em até 40%.
Doses elevados dos adubos químicos tendem a prejudicar com redução de produtividade.
O ensaio terá continuidade por mais 2 ciclos.
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Publicado no 45º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras