Santinato & Santinato Cafés
  • 09/11/2019

ADUBAÇÃO N-K EM CAFEEIRO ESQUELETADO COM ADUBOS QUÍMICOS COMPARATIVAMENTE COM ADUBO ORGANOMINERAL MULTIFERTIL

  • SANTINATO R. Engenheiro Agrônomo Pesquisador e Consultor Santinato Cafés Ltda. Campinas SP;
  • SILVA R.O. Coordenador do Campo Experimental da ACA Associação dos Cafeicultores de Araguari MG;
  • SANTINATO F. Engenheiro Agrônomo Doutor em Agronomia Pós Doutorando do Centro de Solos do IAC e Pesquisador/Consultor da Santinato Cafés Ltda.; Campinas SP.
  • GONÇALVES V.A. Coordenador de Pesquisa Santinato Cafés Ltda Rio Paranaíba MG.

É do conhecimento cientifico que a adubação com insumos orgânicos sejam de animais ou palhadas além de melhorar as propriedades físicas e químicos do solo induzem a melhor aproveitamento dos adubos minerais na cafeicultura sempre que disponível e econômico tem-se utilizado de esterco de aves bovinos suínos etc bem como a palhada de café e outros.

Nas últimas décadas surgiu também o costume de produzir compostos nas fazendas e mais recentemente os adubos organomineral constituido de uma fonte de matéria orgânica com um mínimo de 8% e até 30% de umidade associado adubos minerais como sulfato de amônio ureia MAP superfosfato simples cloreto de potássio e outras fontes e as fontes orgânicas como turfa estercos palhadas etc.

No presente trabalho desenvolvido no campo experimental Isidoro Bronzi da ACA em Araguari-MG. Testou-se a eficiência de adubos organomineral Multiferil em suas fórmulas 21-00-00 e 14-00-14 o primeiro na fase de pós esqueletamento utilizando somente o N em vista de teores adequados dos demais nutrientes no solo na época da instalação. A 14-00-14 foi utilizada na primeira produção após o esqueletamento também sem utilização de P2O5 por estar em teor adequado. Para o desenvolvimento do ensaio utilizou-se da cultivar Catuaí Amarelo IAC-62 espaçado de 37 x 07 m em solo Latossolo (LVA) de clive de 5% 820 metris de altitude com 15 para 16 anos e irrigado por gotejamento.

O desenho experimental adotado foi de blocos ao acaso com 4 repetições em parcelas de 7 plantas com as 5 centrais úteis. Na condução do trabalho os tratos fitossanitários e culturais foram iguais para todos os tratamentos com o decote 18 m e o esqueletamento 20-30 m realizado em 23/12/2017 em vista do depauperamento dos cafeeiros.

No primeiro ano foi realizado a subsolagem com 2 hastes em ambos os lados da linha de café antes da poda e o “cisco” (folhas e ramos) triturado aplicados nos dois anos de condução seguindo os tratamentos. Os demais tratos nutricionais exceto para N-K2O também foram comuns para todos os tratamentos estudados.

As doses de N-K2O foram explicitadas na tabela 1 juntamente com os resultados de produção e biometria (comprimento de ramos e número de internódios). Os níveis estudados foram: no primeiro ano com adubos químicos com 158 kg/ha de N sendo a 1ª adubação 250 kg/ha de sulfato de amônio com 10 cm de brotos a 2ª adubação 120 kg/ha de ureia brotos com 20-30 cm e a 3ª adubação 120 kg/ha ureia brotos com 30-40 cm. No segundo ano foram 400 kg/ha de N + 400 kg/ha de K2O a 1ª com 500 kg/ha de sulfato de amônio em outubro e mais 3 vezes iguais de 218 kg/ha de ureia + 333 kg/ha de cloreto de potássio em dezembro fevereiro e março.

Com os adubos organomineral foram 3 de 217 kg/ha da fórmula 21-00-00 nas mesmas épocas do químico seguindo a fisiologia de crescimento 136 kg/ha de N para a dose 1 182 kg/ha de N na dose 2 com 3 de 290 kg/ha da mesma fórmula e 360 kg/ha x 3 da mesma fórmula na dose 3 totalizando 227 kg/ha de N.

No 2º ano a dose 1 foi de 240 kg/ha de N e 240 kg/ha de K2O com 857 kg/ha em outubro e 857 kg/ha em janeiro a dose 2 foi de 320 kg/ha de N e 320 kg/ha de K2O com 1143 kg/ha em outubro e 1143 kg/ha em janeiro e a dose 3 foi de 400 kg/ha de N e 400 kg/ha de K2O com 1428 kg/ha em outubro e 1428 kg/ha em janeiro de organomineral.

Resultados:

               A tabela 1 que reúne os resultados obtidos para o primeiro e segundo anos de condução mostra que a biometria realizada evidencia com significância a superioridade dos tratamentos em relação a testemunha não adubada sem diferença entre eles aos 18 meses e melhores resultados de crescimento inicial 6 meses para a maior dose de organomineral.

Na mesma tabela a produtividade média com ou sem a presença da aplicação do “cisco” é menor na menor dose do organomineral seguido do químico. As doses intermediárias e a maior do organomineral mostrou-se excessiva provavelmente por algum excesso ou desequilíbrio entre os nutrientes.

Com a presença do “cisco” as doses do químico intermediária e a maior do organomineral são equivalentes e a mais baixa apresenta maior produtividade. Sem o “cisco” a maior dose do organomineral foi negativa provavelmente pelos motivos expostos anteriormente que são melhores detalhados no prosseguimento da tabela. Quanto a análise foliar aqui não apresentada destacou-se maior teores de matéria orgânica nos tratamentos organomineral menor acidez (pH e Al) e índice de saturação por bases (V%) com 306 nas testemunhas 226 nos adubos químicos 279 na dose 1 313 na dose 2 e 284 na dose 3 dos organominerais. O K é baixo 19% da CTC nas testemunhas 45% no químico e de 35 a 41% nos organominerais.

Tabela 1. Adubação N-K2O em cafeeiro esqueletado com adubos químicos comparativamente com organomineral multifertil.

Tratamentos 1ª Produção pós poda (scs ben/ha) % dos trat % da média Biometria
1ª ano – 6 meses 2ª ano – 18 meses
Comp. ramo Nº internódio Comp. ramo Comp. ramo
1 – Testemunha C/cisco 328 c 100 100 145 c 52 d 217 a 77 b
S/cisco 348 bc 100 142 c 45 d 122 b 60 c
Média 338 - - - - -
2 - Químico (N-K2O) C/cisco 464 abc + 41 + 305 185 abc 82 ab 245 a 92 a
S/cisco 419 abc + 20 185 abc 75 abc 257 a 95 a
Média 441 - - - - -
3 – Organomineral multifértil – dose 1 (N-K2O) C/cisco 560 a + 70 + 600 185 abc 70 c 222 a 92 a
S/cisco 522 ab + 50 185 abc 72 bc 245 92 a
Média 541 - - - - -
4 – Organomineral multifértil – dose 2 (N-K2O) C/cisco 405 abc + 23 + 198 18 abc 82 ab 25 a 97 a
S/cisco 406 abc + 16 222 ab 75 abc 23 95 a
Média 405 - - - - -
5 – Organomineral multifértil – dose 3 (N-K2O) C/cisco 431 abc + 31 + 78 23 a 85 a 252 a 95 a
S/cisco 309 c - 12 235 a 82 212 97 a
Média 365 - - - - -
CV % 1819 - - 1464 95 1273 1146
  • Níveis 1ª ano: Químico: 158 kg/ha de N
  • 2ª ano: Químico: 400 kg/ha de N + 400 kg/ha de K2O
  • Níveis 1ª ano: Organomineral: Dose 1: 136 kg/ha de N Dose 2: 182 kg/ha de N e Dose 3: 227 kg/ha de N
  • 2ª ano: Organomineral: Dose 1: 240 kg/ha de N + 240 kg/ha de K2O Dose 2: 320 kg/ha de N + 320 kg/ha de K2O e Dose 3: 400 kg/ha de N + 400 kg/ha de K2O.

Conclusão:

               Até a 1ª safra após a poda por decote e esqueletamento o adubo organomineral multifertil pode ser utilizado com redução de níveis de N-K2O em até 40%.

               Doses elevados dos adubos químicos tendem a prejudicar com redução de produtividade.

               O ensaio terá continuidade por mais 2 ciclos.

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Publicado no 45º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras

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