Quando as lavouras de café entram em declínio produtivo e isso de forma natural ou ainda devido à ataque severo de pragas doenças ou insuficiência na nutrição que origina a seca dos ponteiros (die-back) devem ser podadas para renovação dos ramos laterais e do terço superior. A altura de corte deve ser o mais alto possível para preservar maior número de ramos plagiotrópicos.
A distância do tronco varia conforme o planejamento do sistema de podas do produtor e espaçamento entre linhas bem como a sua frequência podendo ser dos sistemas Safra Zero em que abdica-se sempre de uma das safras realizando a poda a cada dois anos ou ainda o sistema de Podas por Conveniência em que se poda conforme a intensão/avaliação da lavoura.
Existem situações em que a necessidade de podas é somente no terço superior em situações de que ele apresenta-se “pelado” depauperado e “pescoçudo” porém dentro de um talhão podem existir plantas com essas características ao lado de plantas normais bem produtivas de forma que ao fazer a poda haverá o corte desnecessário de uma grande número de plantas e no caso da não realização haverá a continuação de plantas ruins. Há então a opção da poda seletiva que pode ser realizada manualmente com a castração manual química ou ainda através do corte pela foice ou serrinha mecanizada.
Diante disto objetivou-se no presente trabalho avaliar a longo prazo o efeito benéfico da poda seletiva em comparação com as podas tradicionais. A análise fora feita em lavouras de café da cultivar Catuaí Vermelho IAC 144 irrigadas via pivô espaçadas em 40 m entre linhas e 05 m entre plantas situadas em Catalão GO.
Comparou-se lavouras de uma mesma idade plantadas em 2001 que receberam os seguintes tratamentos: Poda seletiva (T1); Sistema de podas Safra Zero a partir da 8ª safra (com 4 ciclos de cortes) (T2); Sistema de podas Safra zero a partir da 11ª safra (com 3 ciclos de corte) (T3); Sistema de podas Safra zero a partir da 7ª safra (com 45 ciclos de cortes) (T4) e comparou-se os tratamentos com a média dos três tipos de Safra zero (T2 T3 e T4) e com o potencial do Sistema Safra Zero de um talhão ao lado mais velho plantado em 1998 que iniciou o sistema na 9ª safra (5 ciclos de cortes). As avaliações são as produtividades até a 16ª safras (2018).
Resultados e conclusões:
O sistema de podas safra zero realizado na 7ª 8ª ou 11ª safras (T3 T2 e T4) produziu menos café que o sistema de podas seletivas. Na média dos três tratamentos de sistema safra zero os cafeeiros produziram 6 sacas/ha menos que o sistema de podas seletivo. Ao lado da área existe uma lavoura mais velha em que fora feito um ciclo a mais de podas obtendo médias produtivas ainda menores (até 8 sacas/ha).
A diferença entre os resultados pode ser ainda maior em sistemas de cultivo de sequeiro e em regiões mais frias. Isto pois na condição de irrigação via pivô o cafeeiro explora o máximo sua capacidade produtiva conseguindo obter safras muito elevadas após a poda fato este não garantido em áreas de sequeiro que influenciadas principalmente pela pluviosidade pode produzir não tanto quanto o esperado no ano de produção reduzindo as médias de produtividade.
O sistema de podas seletivas a cada safra vai equilibrando a lavoura promovendo a reação vegetativa das plantas depauperadas que tendem a se estabilizar conforme sua realização. As plantas depauperadas ocorrem notadamente na ponta das linhas de plantio mas também em diversos pontos da lavoura que por algum motivo ficaram depauperadas após a colheita. O corte no terço superior força o crescimento lateral devido a liberação natural de AIA e renova o ramo ortotrópico que cresce sadio e vigoroso. O custo da poda seletiva é de aproximadamente R$ 015/m percorrido e dependendo da situação da lavoura é realizado rapidamente.
Existem casos em que a quantidade de plantas depauperadas é elevado de forma que as plantas devem ser podadas por inteiro. Nesse caso as podas seletivas ficariam mais onerosas devido a operação mecanizada de poda em área total ter custo menor e capacidade de campo operacional muito superior. Cabe ao responsável avaliar a necessidade de podas da lavoura visando redução de custo e aumento de produtividades.
1 – A poda seletiva é uma alternativa que facilita a tomada de decisão entre podar ou não a lavoura.
2 – A poda seletiva reduz a bienalidade e variabilidade produtiva da lavoura ano a ano e aumenta a produtividade em relação às áreas podadas.
3 – Quando há na lavoura o predomínio de plantas depauperadas a lavoura deve ser podada mecanicamente pois reduz custo em relação a poda seletiva.
4 – A poda seletiva pode ser feita em mesmo em lavouras jovens principalmente na ponta das linhas dos cafeeiros que comumente se depauperam após as colheitas
Figura 1. Exemplo de plantas que devem ser podadas seletivamente ao lado de plantas vigorosas que devem ser preservadas.
Figura 2. Exemplo de lavoura que deve ser podada devido ao estande de plantas estar totalmente depauperado.
Figura 3. Resultados de produtividade entre os tratamentos estudados.
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Publicado no 45º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras