O bicho mineiro (Leucoptera cofeella) ocorre principalmente entre os meses de dezembro a julho. Essa praga é fortemente influenciada pelas condições climáticas como a chuva e temperatura essa última intimamente ligada ao aumento da reprodução e crescimento populacional. Na região do Cerrado encontra-se sua maior pressão entre abril e julho meses de seca e altas temperaturas tais condições climáticas levam a uma menor absorção de água pela planta diminuindo assim seu metabolismo e consequentemente diminuindo a translocação de todas moléculas aplicadas na cultura ou seja os produtos de ação preventiva reduzem sua eficiência para menos de 40 dias. Para o controle dessa praga são necessárias aplicações com inseticidas que visam a quebra do seu ciclo de vida em mais de dois estágios do seu desenvolvimento aumentando assim as chances de sucesso no controle. Portanto objetivou-se com este trabalho estudar o número de aplicações as doses e épocas de aplicação do novo produto via solo da IHARA Spirit com complementação foliar de outros inseticidas consolidados do portifólio IHARA Cartap e Danimen em comparação com produtos convencionais do mercado para o controle de bicho mineiro nas condições do cerrado mineiro.
O trabalho foi realizado na estação experimental Santinato Cafés Minas Gerais I em Rio Paranaíba MG coordenadas 19º13’55’’ S e 46º16’44’’ W em um latossolo vermelho cultivar Catuaí Vermelho IAC 144 com espaçamento 40 m x 05 m totalizando 5.000 plantas ha-1 condição de sequeiro 12 anos aproximadamente 25 metros de altura e vinha de um esqueletamento lateral curto. Os tratamentos foram: (T1)Testemunha; (T2) Aplicação de Spirit 20 L ha-1 uma vez em novembro; (T3) Aplicação de Spirit 20 L ha-1 uma vez em novembro + Cartap 10 kg ha-1 + Danimen 04 L ha-1 em fevereiro e abril; (T4) Aplicação de Spirit 20 L ha-1 uma vez em fevereiro + Cartap 10 kg ha-1 + Danimen 04 L ha-1 em novembro e janeiro; (T5) Aplicação de Spirit 10 L ha-1 duas vezes em novembro e fevereiro; (T6) Aplicação de Spirit 10 L ha-1 duas vezes em novembro e fevereiro + Cartap 10 kg ha-1 + Danimen 04 L ha-1 em janeiro; (T7) Aplicação de Spirit 07 L ha-1 em novembro e Spirit 13 L ha-1 em fevereiro; (T8) Aplicação de Spirit 07 L ha-1 em novembro e Spirit 13 L ha-1 em fevereiro + Cartap 10 kg ha-1 + Danimen 04 L ha-1 em janeiro; (T9) Aplicação de Thiametoxam + Ciproconazol 10 kg ha-1 uma vez em novembro; (T10) Aplicação de Thiametoxam + Ciproconazol 10 kg ha-1 duas vezes em novembro e fevereiro; (T11) Aplicação de Thiametoxam + Clorantraniliprole 075 L ha-1 duas vezes em novembro e fevereiro.
Todas as aplicações de Spirit Thiametoxam + Ciproconazol e Thiametoxam + Clorantraniliprole foram via drench e as demais via foliar. Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso com cinco repetições e as parcelas compostas por 10 plantas sendo úteis as seis centrais para avaliação.
Resultados:
Na primeira avaliação praticamente não haviam folhas minadas com larvas vivas sendo os dados incipientes e substituídos por apenas traços na Tabela 1. Na segunda e terceira avaliações as infestações também foram baixas inferiores à 5% e as variações entre os tratamentos irrelevantes. A partir da quarta avaliação já no período seco do ano sob condições climáticas favoráveis para a proliferação da praga houve elevação da infestação chegando à 30% na testemunha da quarta avaliação e encerrando-se com 47% (valor muito elevado) na testemunha da quinta e última avaliação. Na quarta avaliação em abril todos os tratamentos foram superiores à testemunha e os melhores resultados foram para os tratamentos 5 e 6 com parcelamento da aplicação de Spirit em 50% para cada aplicação. A diferença entre T5 e T6 é a complementação via foliar em T6 que aparentemente não surtiu tanto efeito possivelmente por ter sido realizada em janeiro quando a infestação ainda estava baixa. As eficácias desses dois tratamentos alcançaram 67% de controle de acordo com a quarta e mais representativa avaliação porcentual considerado relevante para o controle do alvo. Os tratamentos T3 T4 e T7 também obtiveram resultados consideráveis nesta avaliação com 50 57 e 50% de eficácia respectivamente. Na quinta e última avaliação em maio todos os tratamentos perderam eficiência. Os tratamentos T5 e T6 decresceram mais em eficiência que os tratamentos T3 e T4 bem como o T7 que decresceu ainda mais. Considerando as duas últimas avaliações os tratamentos T3 T4 T5 e T6 foram superiores aos padrões presentes no mercado. Com base nessas informações em complementação com os dados da infestação de folhas minadas é possível ressaltar a superioridade de alguns tratamentos T3 T4 T5 e T6 os quais proporcionaram resultados mais positivos sobre o bicho mineiro que os demais devendo haver evoluções no estudo destes posicionamentos para maior aperfeiçoamento da recomendação após o lançamento do produto. Desse modo pode-se afirmar que neste estudo os melhores tratamentos foram os tratamentos 3 e 4 sendo que não houveram diferenças entre aplicar o Spirit em dose única em novembro ou em fevereiro desde que feitas as complementações foliares adequadas bem como os tratamentos 5 e 6 os quais parcelaram o Spirit em 50% da dose em novembro e fevereiro que apresentaram os melhores resultados até a quarta avaliação. A quinta e última avaliação pode ser considerada como um “excesso” de infestação da praga podendo-se tirar as principais conclusões até a quarta avaliação. O declínio de eficácia mais acentuado na quinta avaliação devido a pressão de infestação elevada na área pode ser útil para sugerir que em áreas mais quentes e secas de produção cafeeira como Norte de Minas Goiás e até mesmo Bahia este posicionamento deve ter mais um reforço nas aplicações foliares para manter a infestação sob níveis menos elevados.
Tabela 1. Percentagem de infestação de larvas vivas até 150DAA e eficácia para a 4º avaliação.
Avaliações | ||||||
Tratamentos | 1ª 30DAA Jan | 2ª 60DAA Fev | 3ª 90DAA Mar | 4ª 120DAA Abr | 5ª 150DAA Mai | E (%) 4º |
Larvas vivas (%) | ||||||
1 – Testemunha | - | 3 a | 3 a | 30 a | 47 a | - |
2 – S 2L (nov) | - | 3 a | 3 ab | 17 bc | 33 bc | 43 |
3 – S 2L (nov)+ C e D (fev e abr) | - | 2 a | 3 abc | 13 bc | 29 c | 57 |
4 – S 2L (fev)+ C e D (nov e jan) | - | 2 a | 2 abc | 15 bc | 28 c | 50 |
5 – S 1L (nov) + S 1L (fev) | - | 2 a | 1 bc | 10 c | 32 bc | 67 |
6 – S 1L (nov) + S 1L (fev) + C e D (jan) | - | 5 a | 2 abc | 10 c | 35 bc | 67 |
7 – S 07L (nov) + S 13L (fev) | - | 2 a | 2 abc | 15 bc | 39 ab | 50 |
8 – S 07L (nov) + S 13L (fev) + C e D (jan) | - | 2 a | 2 abc | 18 bc | 33 bc | 40 |
9 – T/C 1L (nov) | - | 2 a | 2 abc | 19 b | 34 bc | 37 |
10 – T/Ci 1L (nov) + T/Ci 1L (fev) | - | 3 a | 1 c | 18 bc | 35 bc | 40 |
11 – T/Cl 075L (nov) + T/Cl 075L (fev) | - | 4 a | 3 a | 15 bc | 36 bc | 50 |
CV (%) | - | 97 | 75 | 37 | 23 | - |
S= Spirit; C= Cartap; D= Danimen; T/Ci= Tiametoxan + Ciproconazol; T/Cl= Tiametoxan + Clorantaniliprole nov= novembro; jan= janeiro; fev= fevereiro; mar= março; abr= abril; mai= maio; DAA= dias após a avaliação; E= eficácia; CV= coeficiente de variação. *Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem de si pelo teste de LSD à 5% de probabilidade.
Conclusões:
1 – O produto Spirit é eficiente no controle de bicho mineiro com resultados superiores aos padrões existentes no mercado nos posicionamentos adotados para os tratamentos 3 4 5 e 6.
2 – Spirit pode ser aplicado uma única vez no solo na dose de 20 L/ha seja em novembro ou fevereiro desde que haja complementação via foliar com Cartap e Danimen. Spirit também pode ser parcelado em duas vezes na dose de 10 L/ha em novembro e fevereiro com sugestão de complementação foliar com Cartap e Danimen em momentos estratégicos quando a infestação do bicho mineiro apresentar indícios de crescimento para esta recomendação os estudos deverão ser aprofundados.
3 – Ressalta-se que as condições do presente estudo foram de elevada pressão no final do experimento mesmo para uma área de cerrado.