Santinato & Santinato Cafés
  • 04/01/2020

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO CAFEEIRO EM LOCALIDADES QUENTES/IRRIGADAS E FRIAS/SEQUEIRO

  • SANTINATO R. Engenheiro Agrônomo Pesquisador e Consultor Santinato Cafés Ltda. Campinas SP;
  • SANTINATO F. Engenheiro Agrônomo Dr. Pós Doutorando do Centro de Solos IAC Campinas SP;
  • ECKHARDT C F. Engenheiro Agrônomo Gerente Pesquisa Santinato Cafés Ltda São João da Boa Vista SP;
  • GONÇALVES V.A. Engenheiro Agrônomo Pesquisador Santinato Cafés Ltda Rio Paranaíba MG;
  • SILVA C.D. Engenheiro Agrônomo Mestrando UFV Rio Paranaíba MG;
  • ARCEDA E.U.D. Engenheiro Agrônomo Inter cambista Santinato Cafés Matagaipa Nicarágua.

               O cafeeiro é altamente influenciado pela temperatura e disponibilidade hídrica. Vários trabalhos apontam respostas lineares à adubação irrigação e é notável o desenvolvimento superior das plantas em regiões mais quentes. Tamanho desenvolvimento reflete em maiores produtividades e consequentemente maiores exigências nutricionais além de manejos específicos. Objetivou-se com este trabalho comparar ao longo de 85 anos (6 safras) a composição química do cafeeiro em suas principais partes constituintes em áreas irrigadas e sequeiro em condições climáticas quentes e frias.

               O experimento foi instalado em Carmo do Paranaíba MG (localidade fria e na condição de sequeiro) Luiziânia GO (localidade quente e na condição de irrigação via Pivô LEPA) e Luiz Eduardo Magalhães BA (localidade quente e na condição de irrigação via Pivô LEPA) dos anos 1999 à 2007. As plantas de café foram removidas de três em três meses durante 90 meses com a abertura de trincheiras laterais e remoção via úmida sem destruição de raízes e demais partes constituintes da planta. Os cafeeiros em cinco repetições foram segmentados em raízes tronco ramos folhas e frutos tiveram mensurações biométricas e determinações de matéria seca e composições química no laboratório. Os cálculos de conteúdo e extração foram procedidos e analisados pelo teste de regressão ao longo do tempo nas figuras e ou em comparativos absolutos nas tabelas. Os dados de precipitação e temperatura encontram-se em outra publicação nesta mesma edição do 44º CBPC.

               Os principais resultados encontram-se na tabela e figuras a seguir. Os teores nutricionais dos frutos do cafeeiro foram praticamente os mesmos nas três regiões em todas as safras avaliadas. A composição foi diferente entre as regiões em função da maior quantidade de matéria seca dos frutos das áreas quentes/irrigadas (maiores produtividades) e oscilaram nos anos de baixa e alta Na media das seis safras os valores obtidos foram estes da tabela por exemplo 1640; 2630 e 2650 kg/ha de N para as produtividades de 317; 521 e 533 sacas de café ben./ha. Existe uma elevada correlação entre a quantidade de sacas de café produzida com a demanda de nutrientes à ser adicionada pelas adubações obviamente é proporcional. A extração de nutrientes pelo fruto do cafeeiro se acentua drasticamente entre o período de Expansão/Granação e Maturação como pode ser visto no exemplo do N na figura a seguir (sexta safra como exemplo). Anteriormente à este período fenológico a extração de todos os nutrientes é baixa sendo os frutos um dreno “fraco” do contrário após a granação em que se torna o dreno soberado no cafeeiro reduzindo o crescimento vegetativo que passa a ser um dreno coadjuvante. Com relação às partes constituintes do cafeeiro notou-se que para o N (exemplo) as raízes tronco ramos e folhas constituem-se de 102; 155; 197 e 545% da composição total de N. Em todas as partes do cafeeiro a composição dos nutrientes foi cerca de 50% superior nas áreas quentes/irrigadas.

Tabela. Nutrientes exportados para o fruto inteiro do café (grão mais palha) em três regiões irrigadas e não irrigadas (seis safras iniciais) Brasil.

Parâmetro CP LEM LU
kg ha-1
Dry Matter 38010 62540 63960
N 1640 2630 2650
P 130 200 180
K 1880 2980 2930
Ca 224 460 460
Mg 195 420 390
S 68 88 89
  g ha-1
Zn 15490 28440 25590
B 18170 31790 27220
Cu 19480 34830 30210
Mn 30080 38300 52960
Fe 193170 358430 327500

Figura. Matéria seca e composição química de N nos frutos do cafeeiro ao longo da EI=Expanção inicial; EG=Expansão/Granação e M=Maturação durante a sexta safra (85 anos de idade) em três regiões irrigadas e não irrigadas Brasil.

Figura. Composição química de N no cafeeiro nas raízes tronco ramos e folhas ao longo de 90 meses (seis safras) em três regiões irrigadas e não irrigadas Brasil.

Conclusões:

1 – A composição nutricional dos frutos do cafeeiro varia conforme a produtividade e não é influenciada pela localidade de cultivo.

2 – A extração intensa dos frutos ocorre após o período de Expansão/Granação constituindo-se do dreno principal da planta a partir deste momento.

3 – A composição nutricional da planta café varia em função da localidade de cultivo acentuadamente com incremento de mais de 50% nas áreas quentes/irrigadas sendo mais exigentes e portanto devendo ser adubadas com maiores níveis.

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