O cafeeiro é altamente influenciado pela temperatura e disponibilidade hídrica. Vários trabalhos apontam respostas lineares à adubação irrigação e é notável o desenvolvimento superior das plantas em regiões mais quentes. Tamanho desenvolvimento reflete em maiores produtividades e consequentemente maiores exigências nutricionais além de manejos específicos. Objetivou-se com este trabalho comparar ao longo de 85 anos (6 safras) a composição química do cafeeiro em suas principais partes constituintes em áreas irrigadas e sequeiro em condições climáticas quentes e frias.
O experimento foi instalado em Carmo do Paranaíba MG (localidade fria e na condição de sequeiro) Luiziânia GO (localidade quente e na condição de irrigação via Pivô LEPA) e Luiz Eduardo Magalhães BA (localidade quente e na condição de irrigação via Pivô LEPA) dos anos 1999 à 2007. As plantas de café foram removidas de três em três meses durante 90 meses com a abertura de trincheiras laterais e remoção via úmida sem destruição de raízes e demais partes constituintes da planta. Os cafeeiros em cinco repetições foram segmentados em raízes tronco ramos folhas e frutos tiveram mensurações biométricas e determinações de matéria seca e composições química no laboratório. Os cálculos de conteúdo e extração foram procedidos e analisados pelo teste de regressão ao longo do tempo nas figuras e ou em comparativos absolutos nas tabelas. Os dados de precipitação e temperatura encontram-se em outra publicação nesta mesma edição do 44º CBPC.
Os principais resultados encontram-se na tabela e figuras a seguir. Os teores nutricionais dos frutos do cafeeiro foram praticamente os mesmos nas três regiões em todas as safras avaliadas. A composição foi diferente entre as regiões em função da maior quantidade de matéria seca dos frutos das áreas quentes/irrigadas (maiores produtividades) e oscilaram nos anos de baixa e alta Na media das seis safras os valores obtidos foram estes da tabela por exemplo 1640; 2630 e 2650 kg/ha de N para as produtividades de 317; 521 e 533 sacas de café ben./ha. Existe uma elevada correlação entre a quantidade de sacas de café produzida com a demanda de nutrientes à ser adicionada pelas adubações obviamente é proporcional. A extração de nutrientes pelo fruto do cafeeiro se acentua drasticamente entre o período de Expansão/Granação e Maturação como pode ser visto no exemplo do N na figura a seguir (sexta safra como exemplo). Anteriormente à este período fenológico a extração de todos os nutrientes é baixa sendo os frutos um dreno “fraco” do contrário após a granação em que se torna o dreno soberado no cafeeiro reduzindo o crescimento vegetativo que passa a ser um dreno coadjuvante. Com relação às partes constituintes do cafeeiro notou-se que para o N (exemplo) as raízes tronco ramos e folhas constituem-se de 102; 155; 197 e 545% da composição total de N. Em todas as partes do cafeeiro a composição dos nutrientes foi cerca de 50% superior nas áreas quentes/irrigadas.
Tabela. Nutrientes exportados para o fruto inteiro do café (grão mais palha) em três regiões irrigadas e não irrigadas (seis safras iniciais) Brasil.
Parâmetro | CP | LEM | LU |
kg ha-1 | |||
Dry Matter | 38010 | 62540 | 63960 |
N | 1640 | 2630 | 2650 |
P | 130 | 200 | 180 |
K | 1880 | 2980 | 2930 |
Ca | 224 | 460 | 460 |
Mg | 195 | 420 | 390 |
S | 68 | 88 | 89 |
g ha-1 | |||
Zn | 15490 | 28440 | 25590 |
B | 18170 | 31790 | 27220 |
Cu | 19480 | 34830 | 30210 |
Mn | 30080 | 38300 | 52960 |
Fe | 193170 | 358430 | 327500 |
Figura. Matéria seca e composição química de N nos frutos do cafeeiro ao longo da EI=Expanção inicial; EG=Expansão/Granação e M=Maturação durante a sexta safra (85 anos de idade) em três regiões irrigadas e não irrigadas Brasil.
Figura. Composição química de N no cafeeiro nas raízes tronco ramos e folhas ao longo de 90 meses (seis safras) em três regiões irrigadas e não irrigadas Brasil.
Conclusões:
1 – A composição nutricional dos frutos do cafeeiro varia conforme a produtividade e não é influenciada pela localidade de cultivo.
2 – A extração intensa dos frutos ocorre após o período de Expansão/Granação constituindo-se do dreno principal da planta a partir deste momento.
3 – A composição nutricional da planta café varia em função da localidade de cultivo acentuadamente com incremento de mais de 50% nas áreas quentes/irrigadas sendo mais exigentes e portanto devendo ser adubadas com maiores níveis.