É importante sabermos as taxas de exportações de nutrientes nas culturas para garantirmos a soberania nacional de nossos produtos agrícolas bem como argumentação com o mercado interno e principalmente o externo além do que tais dados podem fundamentar possível melhorias nos sistemas de cultivo. Supõe-se com dados gerais de balanço de nutrientes que a eficiência no aproveitamento do N no cafeeiro é baixa e por conta disto deve-se fazer investigações a fim de se obter dados concretos para confirmar tal hipótese. Com o presente trabalho objetiva-se obter dados de múltiplas safras de lavouras cultivadas em localidades que apresentem diferenças como tipo de solo manejo de matéria orgânica irrigação e condições climáticas para calcular as reais taxas de exportação de nitrogênio na cafeicultura.
Os dados foram obtidos em duas regiões cafeeiras Cerrado de Goiás e Cerrado Mineiro nos municípios de Catalão GO e Carmo do Paranaíba MG. Obteve-se dados de duas décadas através de consultoria assistida nas propriedades totalizando 330 e 446 dados correspondendo a um total de 3.700 ha de café plantado. Cada dado representa um talhão da lavoura em cada safra. Em cada dado obteve-se a quantidade de nitrogênio utilizada e a quantidade de café produzida. Considerando teores de N nos grãos e na palha do café de 002365 e 001935 kg/kg obteve-se a quantidade de N exportado para o grão e para o fruto inteiro (grão mais palha) possibilitando o cálculo da taxa de exportação do N. Os dados foram agrupados com no mínimo quatro safras com a finalidade de diluir o efeito da bienalidade do cafeeiro além de serem excluídos os dados de primeira safra pois é referente à fase de formação do cafeeiro.
Tabela. Taxa de exportação de N para o grão e grão + palha na ausência e presença de esterco de galinha e palha de café em duas regiões do Cerrado irrigadas e não irrigadas Brasil.
Parâmetros | Taxa de exportação de N | |||
Fase adulta | Café | % | ||
1 | Grão | 216 | ||
Grão + Palha | 392 | |||
2 | Grão | 215 | ||
Grão + Palha | 391 | |||
3 | Grão | 171 | ||
Grão + Palha | 311 | |||
Fator 1 | Fator 2 | Fase | ||
Região | Catalão GO | 1 | Grão | 240 |
Grão + Palha | 437 | |||
2 | Grão | 273 | ||
Grão + Palha | 497 | |||
Carmo do Paranaíba MG | 1 | Grão | 210 | |
Grão + Palha | 383 | |||
2 | Grão | 301 | ||
Grão + Palha | 548 | |||
Esterco de galinha | Com | 1 | Grão | 233 |
Grão + Palha | 423 | |||
2 | Grão | 270 | ||
Grão + Palha | 490 | |||
Sem | 1 | Grão | 204 | |
Grão + Palha | 370 | |||
2 | Grão | 280 | ||
Grão + Palha | 510 | |||
Palha de café | Com | 1 | Grão | 207 |
Grão + Palha | 377 | |||
2 | Grão | 247 | ||
Grão + Palha | 449 | |||
Sem | 1 | Grão | 216 | |
Grão + Palha | 394 | |||
2 | Grão | 267 | ||
Grão + Palha | 593 |
*Dados referentes à 756 amostras em duas regiões irrigadas e não irrigadas Brasil.
A quantidade de N médio utilizado na localidade de Catalão GO foi 544% superior à de Carmo do Paranaíba MG produzindo 2722% a mais. As exportações para de N para o grão palha e grão mais palha foram 273% superiores na região de Catalão GO. Essa superioridade se deve notadamente ao fator irrigação e às maiores temperaturas que promovem maior crescimento do cafeeiro e consequentemente maior produtividade.
Nas três fases adultas do cafeeiro houve correlação linear entre a produção média e o N médio aplicado demonstrando que nas áreas avaliadas a resposta do cafeeiro à adubação nitrogenada foi linear. As taxas de exportação de nitrogênio foram de 216 215 e 171% respectivamente para as fases 1 2 e 3.
As taxas de exportações médias foram consideradas satisfatórias quando comparados à outras culturas (CUNHA et al. 2014; OENEMA et al. 2014). Isso sem considerar que o cafeeiro produz o grão de café como produto final e a palha que pode ser retornada para o sistema e esta com taxa de exportação muito semelhante ao grão que se somados atingem cerca de 40%.
Conclusões:
1 – A taxa de exportação de N do cafeeiro cultivado em manejo intensivo é elevada da ordem de 20% e caso considerada à palha de café como produção alcança à taxa de 40% sendo assim o cafeeiro cultivado em tais condições é considerado eficiente no aproveitamento do nutriente obtendo elevadas produtividades (500 sacas bem./ha) com doses médias de 410 kg/ha.