A calagem é fundamental para a produção do cafeeiro. Possui várias funções como fornecer Ca e Mg nas quantidades adequadas e proporções convenientes neutralização dos ions H+ e elevação do pH. Esta operação deve ser realizada com base na análise de solo buscando elevar o índice de saturação de bases (V%) para 60%. Quando o solo encontra-se com este V% adequado ocorre o melhor aproveitamento dos macro e micronutrientes já que com ele haverão poucas reações antagônicas. A figura abaixo compreende os resultados de seis experimentos realizados de 1974 a 1988 evidenciando a superioridade dos tratamentos que fizeram a calagem.
Apesar de tantos benefícios a calagem é uma operação “barata” quando comparada à outras adubações como nitrogenada potássica e fosfatada. O custo do insumo básico calcário é pequeno mesmo quando são requeridas doses de até 40 t ha-1. Talvez por isso muitas vezes no campo nos deparamos com aplicações mal feitas em decorrência de derivas e más regulagens nas calcareadoras.
Para a correção do solo na cafeicultura comumente utiliza-se o calcário dolomítico PRNT = 60 a 80% 25 a 30% de CaO e 15 a 20% de MgO para atingir o V pretendido de 60%. Na década de oitenta com o surgimento do calcário dolomítico calcinado utilizava-se em torno de 30 a 40% da dose do dolomítico comum (SANTINATO et al. 1984). A questão de 8 a 10 anos surgiu no mercado a cal magnesiana (50 a 60% de CaO 5 a 10% de MgO e PRNT de 150 a 170%) utilizada via Pivô em fertirrigação com 25% da dose do dolomítico e complementada com sulfato de magnésio afim de equilibrar o fornecimento de Ca e Mg (3/:5) (SANTINATO et al. 1998).
Recentemente temos no mercado vários tipos de Cal dolomítica com PRNT elevado (100 a 180%) CaO de 50 a 60% e MgO de 25 a 30% com reação mais rápida e eficaz. Sem bases técnicas/científicas existem recomendações que reduzem até a metade da dose de referencia quando opta-se por tais fontes.
Para verificar a viabilidade da utilização destas fontes a possibilidade de redução de doses e os efeitos que tais promovem no cafeeiro instalou-se dois experimentos:
O trabalho foi instalado no Campo Experimental Izidoro Bronzi ACA Araguari MG em lavoura da Cultivar Catuaí Vermelho IAC 144 espaçada em 37 x 07 m solo LVA de Cerrado com 11/12 anos de idade. Estudou-se os tratamentos: Testemunha (T1); Cal dolomítico (T2); Geox 100% (T3); Geox 50% da dose (T4); Geox 25% da dose (T5); Geox Super 100% da dose (T6); Geox Super 50% da dose (T7) e Geox SUper 25% da dose (T8). Os tratamentos foram delineados em blocos ao acaso em parcelas de 30 plantas sendo úteis as seis centrais. O Geox possui PRNT de 180% e o GEOX Super 105%.
Avaliou-se os parâmetros de fertilidade do solo teor foliar e produtividade. Os dados obtidos foram submetidos à ANOVA e quando procedente ao teste de Tukey à 5% de probabilidade.
Resultados e discussão:
Todos os tratamentos foram superiores à testemunha de forma significativa com aumento de 22 a 52% na produtividade. Com destaque para o Geox na dose total e reduzida em 50% e o Geox Super nas mesmas doses. As reduções de até 75% da dose (Geox 25% e Geox Super 25%) obtiveram produtividade menores não sendo indicadas.
Tabela 1. Produtividade do cafeeiro em função dos tratamentos estudados - 1ª safra após a aplicação dos tratamentos.
Tratamentos | Produtividade (sacas de café ben. ha-1) | R % |
T1 – Testemunha | 363 c | 100 |
T2 – Cal dolomítica | 552 a | +52 |
T3 – Geox PRNT 180% (100% da dose) | 543 a | +49 |
T4 – Geox PRNT 180% (50% da dose) | 518 a | +43 |
T5 – Geox PRNT 180% (25% da dose) | 440 ab | +22 |
T6 – Geox Super PRNT 105% (100% da dose) | 541 a | +49 |
T7 – Geox Super PRNT 105% (50% da dose) | 524 a | +44 |
T8 – Geox Super PRNT 105% (25% da dose) | 478 a | +32 |
CV (%) | 1954 | - |
*Médias seguidas das mesmas letras não diferem de si nas colunas pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.
Na análise de solo a correção foi realizada com todos os tratamentos com V de 377 a 547 em relação à testemunha de (243%). Quanto ao Ca e Mg todos os tratamentos elevaram os teores no solo e não tiveram correlação na folha. O alumínio sofreu redução ficando à níveis próximos do não tóxico (<03 mmolc dm-3) (Tabela 2).
Tabela 2. Parâmetros de fertilidade do solo e teores foliares em função dos tratamentos estudados.
Tratamentos | Solo | Folha | |||||
V% | pH | Ca | Mg | Al | Ca | Mg | |
Cacl2 | Mmolc dm-3 | g kg-1 | |||||
T1 – Testemunha | 243 | 48 | 13 | 07 | 04 | 199 | 62 |
T2 – Cal dolomítica | 440 | 52 | 22 | 14 | 00 | 196 | 65 |
T3 – Geox PRNT 180% (100% da dose) | 497 | 50 | 17 | 09 | 05 | 199 | 66 |
T4 – Geox PRNT 180% (50% da dose) | 547 | 57 | 18 | 20 | 00 | 187 | 66 |
T5 – Geox PRNT 180% (25% da dose) | 390 | 49 | 15 | 13 | 04 | 192 | 73 |
T6 – Geox Super PRNT 105% (100% da dose) | 367 | 52 | 19 | 13 | 01 | 203 | 84 |
T7 – Geox Super PRNT 105% (50% da dose) | 377 | 51 | 18 | 11 | 01 | 208 | 70 |
T8 – Geox Super PRNT 105% (25% da dose) | 377 | 50 | 20 | 09 | 02 | 185 | 60 |
Pode-se concluir que:
O experimento foi realizado no Campo Experimental Izidoro Bronzi ACA Araguari MG em lavoura de café da Cultivar Catuaí Vermelho IAC 51 plantada no espaçamento de 37 x 07 m em solo LVA de Cerrado cuja a análise revelou a necessidade de fornecer por meio da calagem 34 t ha-1 de calcário. A lavoura de 11 anos de idade é irrigada por gotejamento.
Os tratamentos estudados foram: Testemunha onde não fez-se a calagem (T1); Calcário dolomítico (T2); Calcário Oxyfertil (T3); Calcário Oxyfertil com redução de 25% da dose (T4); Calcário Oxyfertil com redução de 50% da dose (T5); Calcário Oxyfertil com redução de 75% da dose (T6). O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com parcelas de 30 plantas sendo úteis as seis centrais.
Avaliou-se os parâmetros de fertilidade do solo e as produtividades nas safras de 2013 2014 e 2015. Os dados foram submetidos à ANOVA e quando procedente ao teste de Tukey ambos à 5% de probabilidade.
Nos segundo e terceiro anos de condução as doses de calcário empregadas foram de 18 e 21 t ha-1 ajustadas devidamente a cada tratamento.
Resultados e conclusões:
Já na primeira a prática da calagem elevou a produtividade do cafeeiro em relação à testemunha. As maiores produtividades foram obtidas com o calcário dolomítico e o Oxyfertil em sua dose 100%. A redução das doses de Oxyfertil obtiveram produtividade inferior às doses de 100% de calcário. Na segunda safra todos os tratamentos com Oxyfertil foram superiores ao dolomítico notadamente quando reduziu-se as doses. Na terceira safra as maiores produtividades foram obtidas pelas dose 100 e 75% de Oxyfertil. A redução de 50% da dose igualou-se em produtividade com o calcário dolomítico. A redução de 75% da dose do Oxyfertil ou seja 25% da dose recomendada reduziu a produtividade do cafeeiro acentuadamente (Tabela 1).
Na média do triênio as doses de Oxyfertil sem redução e redução de 25 e 50% foram superiores aos demais tratamentos. Embora sem diferença significativa as reduções de 50 e 75% ficaram similares ao dolomítico e todos resultaram em aumento da produtividade de 78 a 106% (Tabela 1).
Tabela 1. Produtividade do cafeeiro em 2013 2014 e 2015 bem como a média do triênio em função dos tratamentos estudados.
Tratamentos | Produtividade do cafeeiro (sacas de café ben. ha-1) | |||
2013 | 2014 | 2015 | Média do triênio | |
T1 – Testemunha | 314 c | 338 c | 118 c | 257 b |
T2 – Calcário dolomítico | 683 a | 463 ab | 229 b | 458 a |
T3 – Oxyfertil 100% | 662 a | 606 ab | 324 a | 530 a |
T4 – Oxyfertil 75% | 464 bc | 689 a | 311 a | 487 a |
T5 – Oxyfertil 50% | 616 ab | 691 a | 226 b | 511 a |
T6- Oxyfertil 25% | 560 ab | 675 a | 148 c | 461 a |
CV (%) | 1351 | 2066 | 1331 | 2664 |
*Médias seguidas das mesmas letras não diferem de si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.
As calagens resultaram em correção adequado do solo com elevação nos teores de Ca e Mg. Para o Cálcio o maior valor foi obtido com o calcáro dolomítico e na redução do alumínio tóxico os valores considerados não tóxico (<03 mmolc dm-3) foram obtidos com o Oxyfertil na dose total e reduzido em até 25% (Tabela 2).
Tabela 2. Parâmetros de fertilidade do solo no cafeeiro em 2013 2014 e 2015 bem como a média do triênio em função dos tratamentos estudados.
Tratamentos | pH | Ca | Mg | Al |
Cacl2 | mmolc dm-3 | |||
T1 – Testemunha | 44 | 09 | 02 | 10 |
T2 – Calcário dolomítico | 49 | 29 | 07 | 04 |
T3 – Oxyfertil 100% | 51 | 18 | 10 | 02 |
T4 – Oxyfertil 75% | 46 | 16 | 06 | 03 |
T5 – Oxyfertil 50% | 46 | 15 | 06 | 05 |
T6- Oxyfertil 25% | 49 | 10 | 06 | 05 |
CV (%) | - | - | - | - |
*Médias seguidas das mesmas letras não diferem de si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.
Pode-se concluir que:
Considerações finais:
Os dois produtos podem ser utilizados com a finalidade de proceder a calagem inclusive reduzindo a dose em até 50%. A rápida reação de ambos torna o V% adequado em menor tempo ou seja permite que o solo fique apto à fornecer os nutrientes adequadamente para as plantas mais cedo dessa forma o metabolismo crescimento e consequentemente a produção serão maiores pois tiveram maior tempo de ocorrência.