Santinato & Santinato Cafés
  • 01/02/2020

Estádios de maturação do café e a colheita mecânica

Dr. Felipe Santinato

O terceiro ponto é com relação ao estádio de maturação dos frutos saber considera-lo para colher o café com maior eficiência e saber modifica-lo na medida do possível através da utilização de maduradores.

            Neste livro já abordamos sobre a maior facilidade que a colhedora tem de colher frutos nos estádios de maturação seco em relação ao cereja que por sua vez tem mais facilidade que o verde. Existirão produtores que em determinados talhões de sua lavoura necessitam acelerar o processo de amadurecimento dos frutos isto pois sua logística e outros motivos desejam colher aquele talhão especifico com brevidade.

            Da mesma forma existirão produtores que desejam retardar o processo de amadurecimento dando mais “time” para a operação de colheita. De forma geral a demanda de querer retardar o processo é maior do que querer acelerar notadamente em regiões mais quentes pois grande parte dos produtores passam por “sufocos” na época da colheita pois não possuem maquinário suficiente a tempo de colher todo o café antes que ele comece a cair no chão.

            Para acelerar o processo de amadurecimento usa-se o etileno:

A comercialização do Etileno composto gasoso faz-se na forma do produto comercial Ethrel que contem 240 ou 720 g L de Ethephon sendo esta última concentração a mais usual. O Ethephon também chamado de CEPA é um líquido estável a pH igual ou inferior a 40. Em valores de pH superiores a 41 no citoplasma celular libera Etileno dentro das células além de cloreto e fosfato promovendo desfolha excessiva (João Domingos Rodrigues e Elizabeth Orika Ono UNESP 2001)

            O Ethrel aplicado na contração corretavai sincronizar o processo da abscisão dos frutos. Alguns cuidados devem ser tomados na aplicação do Etileno em nível de cultura. O produto deve ser aplicado nos frutos em estádio já desenvolvido pois frutos que ainda não atingiram o desenvolvimento pleno respondem ao Etileno mas não apresentam maturação normal. Logo a definição do estádio de desenvolvimento para a aplicação do produto é a chave do sucesso devendo ser analisado pelo produtor a porcentagem de furtos granados no terço inferior da planta e porcentagem de frutos cereja englobando o terço superior médio e inferior dessa planta. A aplicação deverá ocorrer quando 90% dos frutos do terço inferior da planta estiverem granados (solidificados) (João Domingos Rodrigues e Elizabeth Orika Ono UNESP 2001).

Este fato altera o conceito da aplicação do produto que antigamente baseava-se na porcentagem de frutos cereja e hoje no estádio de desenvolvimento do fruto o que definimos como granação momento fisiologicamente mais adequado para o efeito do etileno na manutenção e colheita do cafeeiro. Portanto o momento correto da aplicação deste produto é fundamental para a obtenção de resultados favoráveis e que com certeza justificarão a utilização desta tecnologia . (João Domingos Rodrigues e Elizabeth Orika Ono UNESP 2001).

Carvalho et al. (2003) estudando a aplicação de Ethephon na cultura do café verificaram que a aplicação do maturador proporciona uma antecipação e uniformidade na maturação dos frutos do cafeeiro sendo que ocorre uma desfolha mais acentuada logo após a sua aplicação porém por ocasião da colheita essa desfolha não foi significativa na cultivar Acaiá Cerrado MG 1474. Porém para a cultivar Catuaí e Topázio o índice variou de 31 a 845% respectivamente. Neste mesmo trabalho os autores não identificaram alterações indesejáveis sobre a qualidade da bebida e nem na classificação do café (Extraído de Silva et al. 2006).

Em trabalho realizado na região do Sul de Minas Gerais Silva et al. (2006) concluíram que com relação à maturação dos frutos na planta o aumento na porcentagem de cereja nos tratamentos em que se aplicou o Ethephon foi em média de 95%. Já na colheita ocorreu aumento na porcentagem e volume de cereja colhido sendo o aumento médio do volume colhido de 46%. Além disso não verificaram diferenças entre os tratamentos com relação à desfolha operacional e a qualidade de bebida do café.

Tabela. Quantidade de cereja colhido desfolha operacional e qualidade de bebida em função da aplicação ou não de Ethephon em quatro situações de lavouras cafeeiras.

Lavoura Ethephon Cereja colhido Desfolha Qualidade de bebida
L planta g planta  
Acaiá Cerrado MG 1474 Sem 24 a 466 a Dura
Com 402 b 563 a Dura
Acaiá Cerrado MG 1474 Sem 285 a 275 a Apenas mole
Com 251 a 332 a Apenas mole
Catuaí Vermelho IAC 144 Sem 353 a 625 a Apenas mole
Com 474 b 594 a Apenas mole
Mundo Novo IAC 379/19 Sem 308 a 788 a Dura
Com 420 b 745 a Dura

*Adaptado de Silva et al. (2006).

Em outro trabalho no mesmo sentido Silva et al. (2009) obtiveram acréscimo na quantidade de cereja colhido com o uso de Ethephon mas desta vez trabalhando com a colheita seletiva do café. Por elevar a quantidade de café cereja e pelo cereja se desprender das plantas mais facilmente em relação aos frutos verdes ocorreu aumento na eficiência de colheita de 603 para 679% evidenciando que esta tecnologia pode ser utilizada também como estratégia para aumento de eficiência operacional.

            A outra forma de atuar na maturação dos frutos em prol da colheita mecanizada do café é promover o retardamento do processo de amadurecimento. Existem substâncias antagonistas (efeito contrário) do etileno que atuam na inibição de sua atividade e na inibição de sua síntese (produção). Dos que inibem a sua atividade tem-se o CO2 em altas concentrações (5 a 10%) compostos à base de prata como o nitrato ou o riossulfato (STS) que inibem a abscisão de folhas flores e frutos e o 1-metil-ciclopropano (1-MCP) comercializado com nome de Ethylbloc que diminui a atividade por competir com o Et ligando-se ao seu receptor por um ponto imperdindo a ligação do Et com o receptor que se faz por dois pontos (João Domingos Rodrigues e Elizabeth Orika Ono UNESP 2001).

            Do outro grupo os que inibem sua síntese existem o cobalto o ácido amino oxiacético (AOA) triazóis como uniconmazole (Sumisevenâ) e o paclobutrazol (Paclobutrazolâ Bonziâ Cultarâ( além do AVG (aminoetoxivinilglicina) utilizado comercialmente como Retainâ (João Domingos Rodrigues e Elizabeth Orika Ono UNESP 2001).

            Grande parte desses produtos ainda não foram testados na cafeicultura mas de qualquer forma eles são utilizados para bloquear a ação do etileno retardando o processo de amadurecimento dando mais tempo para a colheita ser procedida.

            Dos produtos um dos que temos a confiança em utilizar comercialmente nas lavouras cafeeiras é o Mathury composto por acetato de potássio devido a nossa larga experiência trabalhando com o mesmo. A seguir tem-se uma série de experimentos utilizados para definir doses e modos de aplicação de tal produto.

O primeiro trabalho foi realizado para definição de doses do produto. Os tratamentos estudados foram: uma testemunha onde não aplicou-se o Matury; Aplicação de Matury nas doses de 125; 25 e 50 L/ha em plantas que apresentavam desfolha no terço superior; e aplicação de Matury nas doses de 125; 25 e 50 L/ha em plantas que não apresentavam desfolha no terço superior.

As aplicações localizadas no terço superior das plantas a partir da dose de 25 L/ha em fevereiro aumentou a quantidade de frutos no estágio cereja de 28 para 523% em plantas sem desfolha. Em plantas com desfolha somente a dose de 50 L/ha apresentou eficiência com 395% dos frutos no estágio cereja.

            Quando se compara a porcentagem de frutos verde e passa em função dos tratamentos não se verificaram diferenças. Com relação à porcentagem de frutos no estágio boia têm-se que a dose de 25 L/ha em lavoura não desfolhada reduziu de 449 para 147% sua porcentagem. Em lavoura desfolhada as doses de 125 e 25 L/ha não surtiram efeito e a dose de 50 L/ha reduziu de 449 para 371%.

Tabela 1. Porcentagem de maturação dos frutos de café me função da aplicação de Matury em aplicação localizada no terço superior das plantas de café com e sem desfolha.

Tratamentos ---------------------------%---------------------------
Verde Cereja Passa Bóia
1 – Testemunha 142 ab 280 c 124 a 449 ab
2 – 125 L/ha Sem desfolha 93 b 417 ab 139 a 351 abc
3 – 25 L/ha 226 ab 523 a 103 a 147 c
4 – 50 L/ha 195 a 516 a 80 a 176 bc
5 – 125 L/ha Com desfolha 108 ab 201 80 a 611 a
6 – 25 L/ha 123 ab 230 c 134 a 512 a
7 – 50 L/ha 92 b 395 bc 140 a 371 abc
CV(%)   2689 1501 3302 2669

*Valores seguidos com as mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.

*Extraído de Santinato et al. (2013)

O segundo ensaio foi conduzido com o objetivo de estudar o número de aplicações do produto. Foi conduzido na Fazenda Pena município de Araxá MG em lavoura de 7 anos cultivar Catuaí Vermelho IAC 144 disposta no espaçamento de 40 x 05 m totalizando 5.000 plantas ha-1. O solo da localidade é um Latossolo Vermelho distroferrico com declividade de 2%. A lavoura apresentava carga pendente de 550 sacas de café ben ha-1. Os tratamentos estudados foram: uma testemunha onde não se aplicou o maturador (T1); aplicação de Mathury na dose de 50 L/ha em fevereiro (T2) e duas aplicação de Mathury na dose de 50 L/ha em fevereiro e abril.

            Analisando os dados pode-se notar que o efeito do produto Mathury na maturação dos frutos de café se dá exclusivamente nos frutos no estágio cereja não atuando sobre os verdes. Sua aplicação aumentou a porcentagem de frutos cereja colhidos e reduziu a porcentagem de frutos passa e bóia. Ou seja o produto atua na velocidade de amadurecimento do fruto do estágio cereja para o passa e depois boia. A aplicação de Mathury em fevereiro e abril apresentou resultados superiores à aplicação única sendo esta a forma mais adequada de ser aplicado nas condições do presente estudo. Evidentemente que oque define sua época de aplicação é a época e o número de floradas condições climáticas e tipo de lavoura ou seja é variável de lavoura para lavoura e de ano para ano. Evidentemente que duas aplicações do produto garantem maior “acerto” no “time” de aplicação pois atingem maior quantidade de frutos cereja variáveis ao longo do tempo em decorrência principalmente no número de floradas

Tabela 1. Porcentagem de maturação de frutos de café em função da aplicação ou não de Mathury.

Tratamento Verde Cereja Passa Bóia
  %
1 – Testemunha 285 a 387 c 101 a 228 a
2 – Aplicação única de Mathury 317 a 500 b 72 ab 111 b
3 – Duas aplicações de Mathury 218 a 676 a 45 b 61 b

 *Extraído de Santinato et al. (2013)

Em outra localidade testou-se o produto Mathury com uma e duas aplicações de 5 l/ha quando a lavoura apresentava a maior percentagem de verde cana passando para cereja com objetivo de avaliar seus efeitos em todos os tipos de café colhido de verde não granado a seco. O ensaio foi instalado em lavoura de Catuaí Vermelho IAC-144 disposto no espaçamento de 40 x 05m em um  Latossolo Vermelho Distroferrico  com idade de 8/9 anos 850m de altitude 4% de declive na Fazenda Gaúcha em Presidente Olegário/MG. A lavoura é cultivada sob irrigação por pivô central e apresentava no momento anterior à aplicação dos tratamentos carga de 700 S. Benf/ha no primeiro ano e de 350 sacas. Benf/há no segundo.

A tabela 1 demonstra as percentagens de café cereja passa e boia nas safras 2012 (alta) e 2013 (baixa). O Mathury promoveu acréscimo de café cereja em 8 e 17% respectivamente para 1 e 2 aplicações. Sem alteração de passa de 26 e 29% e reduções de 22 e 42 % para o seco. O verde não teve alterações. Estes resultados demonstram haver ocorrido o efeito de manutenção do estágio de maturação cereja sem alterar a porcentagem de verde e passa além de diminuir a porcentagem de seco confirmando o efeito do produto.

Tabela 1 - Efeito do Mathury na Colheita de Café - Colheita Julho 2012 e Agosto de 2013

Tratamentos (5 L/ha de Mathury) % Verde Média % Cereja Média % Passa Média % Seco Média
2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013
 1- Testemunha 109a 144a 111 347b 123b 225 142b 98a 12 401a 797 599
 2- 1 aplicação 74a 185a 129 473ab 168b 320 180a 123a 151 273b 555 414
 3- 2 aplicações 33a 194a 113 515a 300a 407 102bc 116a 109 350b 372 361
  • *Tratamentos seguidos da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
  • **Extraído de Santinato et al. (2013)

Em uma região com temperatura média mais quente e umidade mais seca fez-se um novo estudo do produto. Nessa região a velocidade do amadurecimento é maior e mais desuniforme que nas outras de forma que o sucesso da aplicação do produto esta ligado ao “time” correto da aplicação. O “time” da aplicação deve respeitar a fenologia do cafeeiro variável de região para região e de lavoura para lavoura como dito anteriormente.

O ensaio foi instalado no Campo Experimental Izidoro bronzi pertencente à ACA em Araguarí MG em lavoura de Catuaí Vermelho IAC-51 disposta em espaçamento 37 m x 06 m em um Latossolo Vermelho Amarelo Distroférrico. Situada à 920 m de altitude e em declividade de 2% a lavoura apresentava carga pendente de 500 sacas de café beneficiado por hectare.

            Por meio da determinação de produtividade pode-se aferir que a não houve variabilidade de produtividade entre as parcelas amostradas tanto na primeira quanto na segunda safra. A utilização dos tratamentos com Mathury não promoveu nenhum acréscimo de produtividade em relação a testemunha.

Tabela 1. Produtividade em função dos tratamentos:

Tratamento Safras
2011/2012 2012/2013 Média
Testemunha 413 a 597 a 505 a
Mathury (50 L ha-1) - Verde Granado" 444 a 686 a 565 a
Mathury (50 L ha-1)  - Cereja" 501 a 631 a 566 a
Mathury (50 L ha-1) - Verde Granado - Cereja 385 a 735 a 560 a
CV (%) 3139 1892 2428

**Extraído de Santinato et al. (2013)

Em uma região com temperatura média mais quente e umidade mais seca fez-se um novo estudo do produto. Nessa região a velocidade do amadurecimento é maior e mais desuniforme que nas outras de forma que o sucesso da aplicação do produto esta ligado ao “time” correto da aplicação. O “time” da aplicação deve respeitar a fenologia do cafeeiro variável de região para região e de lavoura para lavoura como dito anteriormente.

O ensaio foi instalado no Campo Experimental Izidoro bronzi pertencente à ACA em Araguarí MG em lavoura de Catuaí Vermelho IAC-51 disposta em espaçamento 37 m x 06 m em um Latossolo Vermelho Amarelo Distroférrico. Situada à 920 m de altitude e em declividade de 2% a lavoura apresentava carga pendente de 500 sacas de café beneficiado por hectare.

            Por meio da determinação de produtividade pode-se aferir que a não houve variabilidade de produtividade entre as parcelas amostradas tanto na primeira quanto na segunda safra. A utilização dos tratamentos com Mathury não promoveu nenhum acréscimo de produtividade em relação a testemunha.

Tabela 1. Produtividade em função dos tratamentos:

Tratamento Safras
2011/2012 2012/2013 Média
Testemunha 413 a 597 a 505 a
Mathury (50 L ha-1) - Verde Granado" 444 a 686 a 565 a
Mathury (50 L ha-1)  - Cereja" 501 a 631 a 566 a
Mathury (50 L ha-1) - Verde Granado - Cereja 385 a 735 a 560 a
CV (%) 3139 1892 2428

*Médias seguidas das mesmas letras não diferem de si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.

**Extraído de Santinato et al. (2013)

            Na média das duas safras os tratamentos não alteraram a porcentagem de frutos no estágio verde não granado e em relação aos frutos verdes granados a diferença foi muito pequena não sendo relevante para o aumento da porcentagem de frutos cereja. A aplicação dos produtos teve maior influência na porcentagem de frutos no estágio seco em torno de 30% a menos destes grande parte contribuiu para o incremento na porcentagem de frutos no estágio cereja. A aplicação do Mathury aumentou a procentagem de frutos cereja e também de passa (5%).

Tabela 2 e 3. Porcentagem de maturação dos frutos.

Trat. %
Verde não granado Verde granado Cereja
2012 2013 M 2012 2013 M 2012 2013 M
T1 109 a 07 b 89 a 94 a 23 b 58 b 117 c 37b 77 c
T2 173 a 30 a 101 a 135 a 68 ab 101 a 316 b 146 a 165 b
T3 131 a 41 a 86 a 96 a 125 a 105 a 423 a 184 a 303 a
T4 140 a 45 a 92 a 108 a 35 b 71 ab 389 ab 167 ab 278 ab
CV (%) 3525 915 3117 2428 1181 2251 1791 1232 3712
Trat. %
Passa Seco ou bóia
2012 2013 M 2012 2013 M
T1 229 a 102 b 165 b 451 a 830 a 640 a
T2 161 a 302 a 236 a 215 b 444 b 329 b
T3 187 a 266 a 226 a 163 b 393 b 277 b
T4 166 a 234 a 220 a 195 b 519 b 357 b
CV (%) 2283 2317 2132 1506 4805 1998

*Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem de si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.

**Extraído de Santinato et al. (2013)

            Para concluir tem-se que o Mathury aplicado em qualquer época aumenta a % de frutos cereja e passa diminui a % de seco e não altera a % de frutos nos estágios verde granado e não granado.A aplicação no estágio cereja mostrou-se a mais eficiente com 226% a mais de frutos no estágio cereja e 363% a menos de frutos no estágio seco em relação à testemunha.

Para balizar ainda mais o momento da aplicação fez-se novo experimento em iguais condições aos de Araguari MG. O Mathury foi aplicado na dose de 10 L ha-1 em diferentes estágios de maturação dos frutos sendo eles: testemunha (T1); quando 25 50 e 75% dos frutos encontravam-se no estágio cereja situados no terço superior (T234); quando 25% dos frutos encontravam-se no estágio cereja situados no terço superior e mais de 50% no terço inferior (T5); quando 50% dos frutos encontravam-se no estágio cereja situados no terço superior e 50% no terço inferior (T6); quando 75% dos frutos encontravam-se no estágio cereja situados no terço superior e 25% no terço inferior.

            Por meio da determinação de produtividade pode-se aferir que a não houve variabilidade de produtividade entre as parcelas amostradas tanto na primeira quanto na segunda safra. A utilização dos tratamentos com Mathury não promoveu nenhum acréscimo de produtividade em relação a testemunha. Das formas de aplicação recomenda-se duas aplicações sendo a primeira quando o terço superior da planta apresentar 25 a 50% de cereja e a segunda quando os frutos da saia atingirem 50%. Na média das duas safras os tratamentos não alteraram a % de frutos no estágio verde não granado e verde. O Mathury aplicado de todas as maneiras estudadas promoveram aumento na porcentagem de frutos no estágio cereja e menor no estágio seco.

Tabela 1. Produtividade e porcentagem de maturação dos frutos em função dos tratamentos:

Trat. %
Prod. Verde granado Verde não granado Cereja Passa Seco
T1 434 a 55 a 105 a 145 a 205 a 480 a
T2 568 a 85 a 90 a 340 b 135 b 335 b
T3 483 a 105 a 150 a 290 b 155 b 295 b
T4 470 a 110 a 100 a 375 b 190 ab 235 b
T5 430 a 125 a 70 a 355 b 140 b 340 b
T6 485 a 115 a 85 a 340 b 185 ab 280 b
T7 430 a 120 a 100 a 365 b 175 ab 260 b
CV (%) 2201 3106 227 2909 2818 2814

*Médias seguidas das mesmas letras não diferem de si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade

**Fonte: Santinato et al. (2013)

            Visando definir o posicionamento da aplicação focando na aplicação apenas aonde existem o predomínio de frutos cereja notadamente no terço superior das plantas. Instalou-se o estudo a seguir associando-o à provável maior eficiência de colheita em decorrência da maior quantidade de frutos no estádio cereja.

O experimento foi realizado na Fazenda Gaúcha localizada no município de Presidente Olegário MG região do Cerrado de Minas Gerais. Utilizou-se uma lavoura da cultivar Catuaí Vermelho IAC 144 com 8/9 anos de idade e aproximadamente 38 m de altura.

Foram estudados sete tratamentos dispostos em delineamento experimental de blocos casualisados com quatro repetições totalizando 28 parcelas. Cada parcela utilizou 20 plantas sendo avaliadas somente as doze centrais. Os tratamentos foram:

Tratamentos Modo de aplicação Dose de Mathury
T1 Ausência Testemunha
T2 Planta inteira 100 L ha-1
T3 Planta inteira 50 L ha-1
T4 1/2 da planta 50 L ha-1
T5 1/2 da planta 25 L ha-1
T6 1/3 da planta 33 L ha-1
T7 1/3 da planta 17 L ha-1

A aplicação do Mathury não elevou a quantidade de café cereja nas plantas no terço inferior. Isto ocorreu somente neste terço devido à pequena quantidade de frutos cereja presentes nesta localidade em relação aos demais terços. No terço médio a aplicação do Mathury direcionado na planta inteira na maior dose promoveu acréscimo de 2224% na quantidade de frutos cereja. No terço superior o produto elevou a quantidade de frutos cereja em 277 e 282% quando aplicado na planta inteira nas doses de 100 e 50 L ha-1 respectivamente. Tal fato evidencia a ação do produto nos frutos cereja mantendo-os neste estádio notadamente no terço superior onde o amadurecimento é mais acelerado.

            As diferenças entre os tratamentos só foram verificadas através da avaliação de cada terço de forma individualizada visto que na avaliação da planta inteira não verificou-se alterações nos estádios de maturação entre os tratamentos aplicados. Isto evidencia a necessidade de avaliações mais criteriosas sobre o estádio de maturação dos frutos que amadurecem com velocidades diferentes em cada um dos terços das plantas.

            Houve maior quantidade de frutos cereja no terço médio das plantas em relação ao terço superior e inferior. Isto por que o amadurecimento ocorre de forma mais acelerada no terço superior promovendo maior queda de frutos o que reduz sua quantidade. Também pela menor velocidade do processo no terço inferior devido à menor exposição à luz solar.

Tabela 1. Porcentagem de frutos cereja em função de doses e modos de aplicação de Mathury. Presidente Olegário MG 2014.

Tratamentos Terço Planta inteira
Inferior Médio Superior
%
T1 1693 aC 4199 bA 2782 bB 4980 aA
T2 1756 aC 5400 aA 3852 aB 5317 aA
T3 1684 aC 4878 bA 3875 aB 3267 aB
T4 1135 aC 4295 bA 3271 bB 4819 aA
T5 1687 aC 4204 bA 2877 bB 5376 aA
T6 1635 aC 4304 bA 3113 bB 3608 aAB
T7 1245 aC 4493 bA 3149 bB 3574 aAB
CV(%) 261

*Médias seguidas por mesmas letras minúsculas comparadas nas colunas e maiúsculas comparadas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Duncan à 5% de probabilidade.

** Fonte Santinato et al. (2014)

            Não houve diferença entre os tratamentos para a variável quantidade de café caído. No entanto verificou-se redução na porcentagem de frutos caídos com a aplicação na planta inteira de 50 L ha-1. Isto ocorreu pela ação do produto atuando nos frutos cereja retardando o amadurecimento para o estádio seco. Dessa forma a menor quantidade de frutos secos reduz a quantidade de café caído já que os frutos neste estádio se desprendem mais facilmente dos ramos.

            Por preservar os frutos no estádio cereja e estes se desprenderem mais facilmente que frutos no estádio verde notou-se que a aplicação do Mathury na planta inteira nas doses de 50 e 100 L ha-1 elevou a eficiência de colheita em 747% em relação à testemunha. Isto também refletiu na redução da quantidade e porcentagem de café remanescente chegando ao valor médio de 387% 417 % a menos que a testemunha. Essa diferença acarreta em menor demanda de mão de obra para proceder o repasse manual reduzindo o custo do processo de colheita.

Tabela 2. Quantidades de café caído remanescente colhido e suas respectivas porcentagens em função de doses e modo de aplicação Mathury. Patos de Minas MG 2014.

Tratamentos Quantidade de café  (Sacas de café ben ha-1) %
Caído Rem. Colhido Caído Rem. Eficiência de colheita
T1 419 a 282 a 2806 a 1194 a 804 a 7998 b
T2 321 a 134 b 3034 a 915 ab 382 b 8648 a
T3 268 a 138 b 3102 a 763 b 393 b 8842 a
T4 382 a 192 ab 2933 a 1089 a 547 a 8361 ab
T5 489 a 239 a 2780 a 1394 a 681 a 7925 b
T6 468 a 318 a 2720 a 1334 a 906 a 7753 b
T7 428 a 269 a 2810 a 1220 a 767 a 7754 b
CV (%) 2123 2645 1473 2123 2650 1473

*Médias seguidas por mesmas letras minúsculas comparadas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Duncan à 5% de probabilidade.

** Fonte Santinato et al. (2014)

            Houve acréscimo na porcentagem de frutos no estádio cereja colhidos com a aplicação direcionada na planta inteira de 50 e 100 L ha-1 de Mathury. O acréscimo foi de 1243% em relação à testemunha. Notou-se tendência de aumento no tratamento T4 que aplicou 50 L ha-1 em metade das plantas. No entanto assim como verificado nas demais variáveis analisadas a aplicação na planta inteira foi mais eficiente sendo a mais recomendada.

A aplicação do Mathury em nenhum dos tratamentos elevou a produtividade do cafeeiro. Isto ocorreu pois suas aplicações (março e maio) ocorreram quando a produtividade da safra já estava definida. Notou-se tendência na elevação da produtividade quando utilizou-se a maior dose direcionada na planta inteira. Tal fato pode estar associado à redução da quantidade de café seco que se desprende mais facilmente das plantas e cai no chão antes do momento da colheita reduzindo a produtividade no momento anterior à avaliação.

Tabela 3. Produtividade e porcentagen de frutos cereja colhido em função de doses e modo de aplicação Mathury. Patos de Minas MG 2014.

Tratamentos Produtividade (Sacas de café ben ha-1) Porcentagem de frutos cereja colhidos
T1 3451 a 4935 b
T2 3947 a 6440 a
T3 3547 a 5917 a
T4 3358 a 5434 ab
T5 3491 a 5159 b
T6 3319 a 5250 b
T7 3396 a 5330 b
CV (%) 2794 3337

*Médias seguidas por mesmas letras minúsculas comparadas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Duncan à 5% de probabilidade.

** Fonte Santinato et al. (2014)

Com base em todos esses experimentos pode-se concluir que: A aplicação do Mathury retarda a passagem do fruto cereja para seco aumentando a disponibilidade que o fruto cereja tem para ser colhido eleva a eficiência de colheita e a quantidade de frutos cereja colhidos.

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