Santinato & Santinato Cafés
  • 01/05/2020

Revisões dos trabalhos de café (espaçamento, podas, adubação e irrigação), Respostas e Recomendações dos últimos 90 anos (1929-2019)

PARTE 7 – Resposta à Podas (1975 a 2019)

Dr. Felipe Santinato; Roberto Santinato; José Braz Matiello; Victor Afonso Reis Gonçalves

Acesse: www.santinatocafes.com

Dúvidas: fpsantinato@hotmail.com e 19-982447600 (whatsap)

Resposta à Podas na Cultura do Café:

            As podas são uma prática com diversas utilidades para o cafeeiro com respostas extremamente variadas. Da mesma forma que para o fator espaçamento as podas são demasiadamente influenciadas pelo direcionamento de plantio devido ao caminhamento do Sol proporcionar exposições solares variadas no exterior e principalmente no interior das lavouras. As respostas das podas também são influenciadas pelo clima espaçamento adubação e irrigação. De acordo com a temperatura da região ocorrerá uma taxa de crescimento e renovação de ramos plagiotrópicos e também de ortotrópicos “ladrões” refletindo nas respostas produtivas.

            As podas tem por utilidade: Abrir espaço no interior da lavoura que se fecharam e reduziram a incidência de luz em seu interior ou estão atrapalhando o fluxo de máquinas devendo ser feito a poda de esqueletamento esqueletamento + decote ou simplemente a remoção de ramos “ladrões” indesejados através da desbrota (limpeza). Outra utilidade é para a renovação da lavoura devido ao desgaste dos ramos já velhos e/ou depauperados por exaustão produtiva ou por ataque severo de pragas e doenças. Nesse caso geralmente se faz o esqueletamento e esqueletamento + decote variáveis quanto a quantidade de material vegetal removido alterando a distância de corte em relação ao tronco (esqueletamento) e em relação ao solo ou ápice da planta (decote).

            Existem também as podas para ajuste de altura para adaptar as lavouras a passagem do Pivô de irrigação e de colhedoras mecanizadas ou quando se deseja limitar a altura da planta para facilitar a colheita manual esta última mais frequente nas regiões montanhosas em que a mecanização é impossibilidade pela declividade e a colheita e os demais tratos são geralmente manuai ou semi-mecanizados. Para essas situações a simples poda por decote é suficiente e requer sua realização mais frequente dependendo da taxa de crescimento dos cafeeiros e esta condicionada principalmente pelo clima da região.

            Há também a possibilidade de utilização das podas para modificação de espaçamentos. Quando se opta por um espaçamento super ou hiperadensado e a medida que a lavoura cresce e reduz a entrada de luz ha a necessidade de se realizar ou uma poda ou uma remoção parcial de cafeeiros (arranquio de linhas) e também quando o cafeicultor decide migrar do sistema adensado para o largo adaptando a lavoura para a mecanização (espaçamento mínimo de 3 m entre linhas).

            Por fim e sendo a mais antiga existe a poda por recepa que remove boa parte das estruturas vegetativas da planta cortando-a a uma distância do solo que varia de 30 a 80 cm e deve ser utilizada no caso de cafeeiros cujo a quantidade de ramos plagiotrópicos é pequena não valendo a pena serem esqueletados e isto devido ao mal manejo das podas anteriores que favoreceram o auto sombreamento demasiado promovendo a “perda de saia”.

            As pesquisas ao longo de décadas evidenciam as repostas das podas ao cafeeiro. Neste capítulo organizamos as repostas de longa duração por assuntos e necessidades com especificações e recomendações.

Podas de modificação de espaçamento:

Esse tipo de poda deve sempre ser feito quando o cafeicultor deseja modificar o seu estande de plantas migrando para espaçamentos mais largos afim de adaptar a lavoura para a mecanização. Pensando em respostas em produtividade a série de experimentos realizadas sobre a poda nesse tipo de lavoura mostra uma série de respostas variáveis a depender da região cultivar e espaçamento como veremos adiante.

São Paulo:

            Silva et al. (1999) estudaram a resposta do cafeeiro a espaçamentos e posteriormente reformas de espaçamentos Mundo Novo sequeiro 10 safras em Espírito Santo do Pinhal. Quando não modificou-se o espaçamento a melhor resposta se deu com o 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) produzindo 59 sacas/ha. Quando optou-se pela modificação do espaçamento as melhores respostas foram obtidas com o 15 x 05 m (13.333 plantas/ha) para o 3 x 05 m (6.666 plantas/ha) e o 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) para o 4 x 05 m (5.000 plantas/ha) modificados pelo arranquio das linhas centrais a partir da 2ª safra. Como o espaçamento 4 x 05 m apresenta maior vida útil postergando uma futura necessidade de outra poda em relação ao espaçamento 3 x 05 m a indicação seria esta.

Neste trabalho os tratamentos permitiram comparar o seguinte: Implantar a lavoura já adaptada para mecanização (3 x 05 ou 4 x 05 m) e implantar a lavoura mais adensada (15 x 05 ou 2 x 05 m) e depois transforam-la em 3 x 05 m e 4 x 05 m após a segunda safra. Os resultados mostraram aumentos de 11 e 19 sacas/ha respectivamente quando se iniciou a lavoura de forma mais adensada. Deve-se portanto fazer cálculos sobre os custos de implantação e erradicação parcial de linhas de café para verificar a viabilidade econômica.

Tabela 1. Resposta do cafeeiro a modificações de espaçamento para Mundo Novo em São Paulo sequeiro 10 safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Safras
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 M
05 x 05 19 92 32 0 28 33 12 71 69 53 41
1 x 05 40 103 54 0 90 36 30 102 63 36 56
15 x 05 55 138 35 10 36 25 25 59 49 33 47
2 x 05 41 127 25 0 132 1 33 138 43 49 59
3 x 05 41 83 32 31 61 5 84 62 32 54 49
4 x 05 36 50 39 17 54 21 45 53 63 29 41
05 x 05 para 1 x 05 (a partir da 2ª safra) 48
05 x 05 para 15 x 05 (a partir da 2ª safra) 51
1 x 05 para 2 x 05 (a partir da 2ª safra) 54
15 x 05 para 3 x 05 (a partir da 2ª safra) 60
2 x 05 para 4 x 05 (a partir da 2ª safra) 60
05 x 05 para 15 x 05 (a partir da 3ª safra) 48
1 x 05 para 2 x 05 (a partir da 3ª safra) 51
15 x 05 para 3 x 05 (a partir da 3ª safra) 54
2 x 05 para 4 x 05 (a partir da 4ª safra) 53

Fonte: Silva et al. (1999). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Sertório et al. (2003) fizeram em Espírito Santo do Pinhal em Catucaí sequeiro podas de modificação de espaçamento resultados na média de 6 safras. Na opção adensada o melhor tratamento foi o 15 x 05 m (13.333 plantas/ha) sem poda e sem transformação de espaçamento produzindo 55 sacas/ha. Para a opção de adaptação a mecanização a melhor resposta foi obtida com o 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) transformado para o 4 x 05 m (5.000 plantas/ha) produzindo 39 sacas/ha. Neste trabalho também pudemos ver a comparação entre iniciar a lavoura com um espaçamento adensado e depois transforma-lo em adaptado a mecanização x iniciar com o espaçamento já adaptado para a mecanização. A técnica permitiu aumento de 14 sacas/ha nas transformações para 4 x 05 m e de 5 sacas/há para o 3 x 05 m.

Tabela 2. Resposta do cafeeiro a podas de modificação de espaçamento em São Paulo sequeiro Catucaí 6 safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
1 x 05 37
15 x 05 55
2 x 05 43
1 x 05 para 2 x 05 44
15 x 05 para 3 x 05 31
2 x 05 para 4 x 05 39
3 x 05 26
4 x 05 25

Fonte: Sertório et al. (2003). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Cerrado:

            Santinato R. et al. (1996) estudaram a correta época de eliminação de linha central de cafeeiros adensados em Patos de Minas irrigado em um Catuaí 2 x 05 m (5.000 plantas/há) resultados de 5 safras. A modificação do espaçamento deve ser feita nessas condições pois produziu mais que a manutenção do espaçamento original 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) além do que tratando-se da região do Cerrado em que a mecanização é facilitada pela declividade suave reduzindo custos operacionais em até 70%. A melhor resposta foi obtida com a modificação logo após a 2ª safra produzindo 74 sacas/ha.

Tabela 3. Resposta do cafeeiro a eliminação de linha central em espaçamento adensado (2 x 05 m) no Cerrado irrigado Catuaí 5 safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 2 x 05 66
2 x 05 para 4 x 05 após a 1ª safra 72
2 x 05 para 4 x 05 após a 2ª safra 74
2 x 05 para 4 x 05 após a 3ª safra 72
2 x 05 para 4 x 05 após a 4ª safra 58
2 x 05 para 4 x 05 após a 5ª safra 69
2 x 05 para 4 x 05 após a 6ª safra 70

Fonte: Santinato R. et al. (1996). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Sul de Minas:

            Toledo et al. (1994) estudaram podas de modificação de espaçamento em Varginha ao longo de 16 safras em Acaiá. Neste trabalho ficou claro que o arranquio de linha associado ou não a podas reduziu a produtividade do cafeeiro sendo o melhor tratamento a manutenção do espaçamento 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) produzindo 50 sacas/ha. O segundo colocado 1 x 05 m modificado para 2 x 05 m produziu 48 sacas/ha porém não há utilidade nesta transformação de estande visto que a lavoura continua impossibilitada de mecanização plena. Pensando em adaptar a lavoura adensada para a mecanização a melhor resposta foi com o 1 x 1 m (10.000 plantas/ha) que passou para o 3 x 1 m (3.333 plantas/ha) combinado com recepa produzindo 38 sacas/ha.

Tabela 4. Resposta do cafeeiro a eliminação de linha central em espaçamento adensado e/ou tipos de podas no Sul de Minas sequeiro em Acaiá 16 safras.

Tratamentos Podas Produtividade
Sacas/ha
1 x 05 para 2 x 05 Recepa em 1979 arraquio de linha em 1981 e recepa em 1983 e 1989 48
1 x 05 para 2 x 1 Arranquio de linha em 1979 de planta em 1983 e recepa em 1983 e 1989 44
2 x 05 Recepa em 1985 50
1 x 1 para 3 x 1 Recepa em 1983 e arranquio de linha em 1986 38
2 x 05 x 05 para 25 x 05 Recepa e arraquio de linha em 1985 52
4 x 15 Decote em 1983 e 1985 30
4 x 2 (2 plantas/cova) Decote em 1983 e 1985 28

Fonte: Toledo et al. (1994). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Toledo et al. (1993) testaram em lavouras adensadas 175 x 1 m (5.714 plantas/há) em Varginha Catuaí sequeiro iniciando quando as lavouras estavam na oitava safra resultados de 12 safras. Nenhuma das podas ou arranquio elevou a produtividade em relação a manutenção do espaçamento original que produziu 35 sacas/ha. No caso a adaptação do estande para a mecanização produziu 26 sacas/ha.

Tabela 5. Resposta do cafeeiro a podas e/ou modificações em lavouras adensadas no Sul de Minas sequeiro 12 safras

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 35
Fukunaga 28
2 alternos 24
Recepa total 25
Decote herbáceo 22
Arraquio alternado passando para 35 x 1 26

Fonte: Toledo et al. (1993). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Montanha:

            Rocha et al. (1998) estudaram poda e modificação de lavoura adensada 2 x 1 m (5.000 plantas/ha) Catuaí em Marechal Floriano até a sexta safra. Nessas condições a melhor resposta foi obtida mantendo o estande de plantas original porém fazendo-se o esqueletamento de apenas um lado da linha do cafeeiro produzindo 17 sacas/ha.

Tabela 6. Resposta do cafeeiro a modificação de espaçamento na Montanha sequeiro seis safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 9
Esqueletamento de um lado da planta 17
Recepa 1/3 das linhas 13
Recepa linhas alternadas 14
Esqueletamento dos dois lados da planta 14
Recepa de plantas alternadas 14
Arranquio de linhas alternadas 13
Recepa total das plantas 14
Arranquio de linhas alternadas 8

Fonte: Rocha et al. (1998). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

            Matiello et al. (2010) estudaram em Martins Soares Catuaí sequeiro super adensado o momento ideal de início da poda por recepa resultados de seis safras. Ficou evidente que a recepa feita em qualquer uma das safras reduziu a produtividade sendo a melhore resposta a própria manutenção das plantas como estavam em seus espaçamentos de 13 x 05 m (15.384 plantas/ha) e 1 x 05 m (20.000 plantas/ha) produzindo 104 e 83 sacas/ha respectivamente.

Tabela 7. Resposta do cafeeiro a podas de modificação de espaçamento na Montanha sequeiro média de seis safras.

Tratamentos Estande Produtividade  
Plantas/há Sacas/ha  
13 x 05 sem recepa 15.384 104  
13 x 05 recepado após 1ª safra 66  
13 x 05 recepado após 2ª safra 66  
13 x 05 recepado após 3ª safra 70  
13 x 05 recepado após 4ª safra 74  
1 x 05 sem recepa 20.000 83  
1 x 05 recepado após 1ª safra 56  
1 x 05 recepado após 2ª safra 63  
1 x 05 recepado após 3ª safra 59    
1 x 05 recepado após 4ª safra 62    

Fonte: Matiello et al. (2010). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

            Em outro trabalho em Martins Soares Matiello et al. (2004) estudaram a resposta de poda e erradicação de linhas em cafeeiro super adensado 1 x 07 m (14.287 plantas/há) ao longo de 9 safras. Neste trabalho novamente na região de Montanha a melhor resposta foi não alterar o estande de plantas e nem recepar a lavoura mantendo-a no espaçamento original. Apenas em um dos tratamentos testados “eliminação das linhas 50% após a 5ª safra” houve melhora na produtividade.

Tabela 8. Resposta do cafeeiro a podas de modificação de espaçamento na Montanha sequeiro 9 safras

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 81
Recepa após 1ª safra 55
Recepa após 2ª safra 56
Recepa após 3ª safra 65
REcepa após 4ª safra 62
Recepa após 5ª safra 68
Recepa após 6ª safra 66
Recepa após 7ª safra 58
Eliminação de 50% das linhas após 1ª safra 63
Eliminação de 50% das linhas após 2ª safra 55
Eliminação de 50% das linhas após 3ª safra 68
Eliminação de 50% das linhas após 4ª safra 74
Eliminação de 50% das linhas após 5ª safra 88
Eliminação de 50% das linhas após 6ª safra 75
Eliminação de 50% das linhas após 7ª safra 66
Recepa em linhas alternadas após 1ª safra 65
Recepa em linhas alternadas após 2ª safra 70
Recepa em linhas alternadas após 3ª safra 71
Recepa em linhas alternadas após 4ª safra 71
Recepa em linhas alternadas após 5ª safra 65
Recepa em linhas alternadas após 6ª safra 80
Recepa em linhas alternadas após 7ª safra 69

Fonte: Matiello et al. (2004). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tipos de poda:

            As podas se iniciaram há muito tempo na cafeicultura começando pelas podas por recepa principalmente quando ocorriam geadas que destruíam suas estruturas vegetativas parcialmente havendo a necessidade de remoção para posterior brotação e renovação. Das podas por recepa removendo toda estrutura vegetativa do cafeeiro a partir de 30 cm do solo criaram-se as podas por decote removendo a parte do ápice da planta menos drástica indicada quando o “efeito” da geada não foi tão severo. O que determinava a altura da poda e se por recepa ou por decote era o exame através da raspagem do tronco e verificação do fluxo de seiva dias após a ocorrência do fenômeno climático. O ponto de ausência de fluxo seguido de necrose caulinar indicava a correta parte da planta que deveria ser segmentada e removida.

Mais adiante começaram a ser feitas na cultura do café as podas por esqueletamento menos drásticas que a recepa e com outras particularidades no início da década de 1970” pelo pesquisador Chebabi A. (1975). O mesmo argumentava: “O princípio fundamental da nossa tese é a observação de que a planta demora mais tempo para fazer troncos e galhos grossos do que ramagem fina quando perdida por geada ou fogo ligeiro. Assim a recepa além de onerosa demora 2 anos para produzir; o decote em lavouras fechadas sem desbrota produz bem um ano e depois envassoura a copa”. Nessas experimentações testadas durante safras criou-se o conceito do esquentamento que consistia na remoção dos ramos plagiotrópicos a uma distância de 25 a 40 cm do tronco. Modernamente o esqueletamento evoluiu e passou a ser indicado removendo quantidades ainda menores de vegetação há distancias de 60 a até 90 cm do tronco ganhando o nome de “desponte lateral”ou “lambida”.

A poda por equeletamento também foi preponderante para a criação do conceito do sistema de poda “safra zero” em que se faz o esqueletamento a cada dois abdicando sempre de um ano do biênio produtivo por este ser totalmente destinado ao crescimento vegetativo. O sistema safra zero apresenta bons resultados porém variações nas respostas produtivas que decaem a medida que são feitos seus ciclos já em lavouras muito velhas e com menor quantidade de ramos plagiotrópicos para serem renovados. Modernamente já pensando em implantar a lavoura cafeeira nesse sistema adota-se espaçamentos mais adensados na linha visto que a competição por espaço e luz não é mais problema e sabendo que as podas serão mais frequentes. Para este tipo de condução indica-se espaçamentos de 32 a 35 m entre linhas e não o 4 m obtendo resultados produtivos bastante significativos. A adoção do sistema safra zero em lavouras de espaçamento mais largos como o de 4 m e/ou em lavouras irrigadas que crescem a uma taxa maior não é indicado visto que os resultados de podas por conveniência (quando a poda não é calendarizada e sim feita ocasionalmente após avaliação agronômica de sua real necessidade) apresenta resultados produtivos mais favoráveis como veremos adiante.

Com relação a desbrota deve-se segmentar os conceitos em “Desbrota de condução e limpeza da lavoura em formação” e “Desbrota posterior ao decote”. A desbrota de condução e limpeza deve ser feita desde o surgimento dos primeiros brotos “ladrões” que ocorrem meses após o plantio do cafeeiro e permanecem brotando até que o dossel da planta se feche. Esses brotos surgem também em lavouras jovens e adultas ocasionalmente principalmente em lavouras que ficam “vazadas” decorrentes de depauperamento por falta de nutrição ou ataque de pragas e doenças principalmente em cultivares de porte alto (Mundo Novo Acaiá Bourbon) devendo ser removidos. Essa desbrota deve ser feita ainda quando os brotos são pequenos pois a condução de tais brotos principalmente quando tem origem basal ou intermediaria ao corpo do café reduzem a quantidade de ramos plagiotrópicos por ocuparem seus espaços diminuindo a vida útil produtiva da lavoura. No caso da Desbrota posterior ao decote os resultados não são favoráveis visto que não aumentam a produtividade e são onerosos. Para tanto indica-se fazer o decote o mais alto possível colher o café oriundo dos brotos no topete da planta e em seguida fazer novamente o decote porém a uma altura 10 a 15 cm abaixo do primeiro corte evitando o corte em cima de corte que prolifera os brotos e cria o envassouramento que vegeta e produz pequenas quantidades de café que geralmente são difíceis de ser colhidos por permanecerem verdes e miúdos por longo tempo.

Por fim existe também a poda seletiva feita de forma semi mecanizada podando-se as plantas geralmente fazendo-se somente um decote utilizando foice ou serrinha elétrica em pés depauperados. Os pés de café com vigor e estruturados não são podados sendo saltados. Com isso após uma safra ocorre a homogeneização do talhão ficando todos vegetados sem pés com aspecto de “pescoço pelado”. Esta poda é indicada em talhões que apresentam menos de 30-40% de plantas fracas e as respostas em regiões quentes e irrigadas são altamente significativas.

A escolha da poda deve levar em consideração: a região que se cultiva do café devido ao clima e irrigação a cultivar o espaçamento a necessidade e o objetivo. A pesquisa cafeeira mostra em várias regiões e condições os melhores resultados para a poda inclusive sobre época modo frequência e da necessidade ou não de se proceder a desbrota/limpeza.

  1. Respostas de Podas em várias regiões: Qual adotar?

Áreas quentes:

Santinato R. et al. (2013) fizeram poda por decote em Unaí em Catuaí com elevada altura 9 anos de idade irrigado via pivô LEPA espaçado em 38 x 05 m (5.263 plantas/ha) resultados de 3 safras. No caso desta situação de região de clima quente e lavoura irrigada a poda menos drástica resultou nos melhores resultados produzindo 54 sacas/ha. O mesmo foi obtido por Matiello et al. (2010) que testaram em Pirapora Catuaí 35 anos 36 x 05 m (5.555 plantas/ha) irrigado pivô LEPA tipos de podas na média de 5 safras onde a poda minimamente drástica produziu 62 sacas/ha.

Santinato R. et al. (2006) estudaram a altura do decote em Paracatu cafeeiro irrigado 4 x 05 (5.000 plantas/ha) Catuaí. A média da lavoura era de 63 sacas/ha em cinco safras e a poda minimante drástica foi superior a poda mais drástica produzindo 56 sacas/ha resultado de 5 safras.

Santinato R. et al. (2008) estudaram o efeito da desbrota na Bahia em cafeeiro irrigado via pivô Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/há) média de 2 safras. Nas condições de lavoura velha irrigada via pivô em região quente onde o cafeeiro cresce acentuadamente a realização das desbrotas de condução da lavoura aumentou a produtividade produzindo 42 sacas/ha.

Com relação ao esqueletamento e sistema safra zero em áreas quentes e irrigadas qualquer frequência deste tipo de poda reduziu a produtividade em relação a poda seletiva feita ocasionalmente e de forma individualizada após avaliação no campo. O estudo foi feito por Santinato F. et al. (2019) em Catalão Pivô 4 x 05 m (5.000 plantas/ha) Catuaí 14 safras.

Em todos os casos as podas minimamente drásticas foram as mais indicadas com o decote sendo feito isolado sempre o mais alto possível. Os esqueletamentos e/ou despontes não foram necessários. A recepa foi a pior opção produtiva.

Tabela 9. Resposta do cafeeiro a podas leves Região quente irrigada via pivô 3 safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 39
Decote 22 m 54
Decote 22 m + esqueletamento 05 m 35
Decote 22 m + esqueletamento 025 m 34
Decote 18 m 53
Decote 18 m + esqueletamento 05 m 39
Decote 18 m + esqueletamento 025 m 26

Fonte: Santinato R. et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 10. Resposta do cafeeiro a podas em Região quente irrigada via pivô 5 safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 67
Decote 18 m 62
Decote 12 m 55
Esqueletamento 55
Recepa baixa (40 cm) 40
Recepa alta (70 cm) 47

Fonte: Matiello et al. (2010). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 11. Resposta do cafeeiro a poda por decote em Região Quente irrigado 5 safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Decote alto 24 m 56
Decote baixo 16 m 51

Fonte: Santinato R. et al. (2006). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 12. Resposta do cafeeiro a desbrota em Região Quente irrigado via Pivô 2 safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 29
Desbrota o ano todo 42
Desbrota a cada 2 anos 33
Desbrota seletiva todo ano 33
Desbrota seletiva a cada 2 anos 37

Fonte: Santinato R. et al. (2008). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 13. Resposta do cafeeiro a frequência de podas em Região Quente irrigada via pivô 14 safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Potencial do safra zero na região (outros talhões) 47
Poda seletiva 55
Safra zero desde a 8ª safra (4 ciclos) 52
Safra zero desde a 11ª safra (3 ciclos) 49
Safra zero desde a 7ª safra (45 ciclos) 45
Média do safra zero 49

Fonte: Santinato F. et al. (2019). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Cerrado:

Em Araguari Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/ha) irrigado via gotejamento Santinato R. et al. (2013) testaram tipos de poda para recuperação de lavoura velha e depauperada. Os resultados na média de 4 safras indicaram que a melhor poda foi o decote à 2 m de altura sem desbrota posterior ao decote produzindo 55 sacas/ha.

Santinato R. et al. (2016) estudaram o efeito de podas leves no cafeeiro em Araxá sequeiro Catuaí 4 x 05 m (5.000 plantas/há) ao longo de duas safras. A poda minimamente drástica obteve a melhor resposta produzindo 31 sacas/ha. O mesmo foi obtido em Carmo do Paranaíba Mundo Novo sequeiro 4 x 075 m (3.333 plantas/há) lavoura de seis safras em que os resultados média de duas safras indicaram que a poda somente por decote à 2 m de altura produziu 30 sacas/ha (Santinato R. et al. 1999).

Em Araxá Santinato R. et al. (2008) Catuaí sequeiro 4 x 05 m (5.000 plantas/há) ao longo de duas safras também obtiveram as melhores respostas com as podas menos drásticas em que somente o decote sem desbrota posterior ao decote e sem esqueletamento produziu mais café (39 sacas/ha).

No Cerrado as indicações são semelhantes para áreas quentes sendo as melhores opções as podas minimamente drásticas com o decote sendo feito isolado e sempre o mais alto possível na ausência do esqueletamento e/ou desponte. As recepas foram a pior opção.

Tabela 14. Resposta do cafeeiro a tipos de podas no Cerrado irrigado resultados de 4 safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 34
Decote a 2 m sem desbrota 55
Decote a 175 m sem desbrota 47
Decote a 15 m sem desbrota 45
Decote a 125 m sem desbrota 47
Decote a 2 m com desbrota 54
Decote a 175 m com desbrota 45
Decote a 15 m com desbrota 47
Decote a 125 m com debrota 41
Recepa a 1 m sem desbrota 41
Recepa a 075 m sem desbrota 36
Recepa a 05 m sem desbrota 32
Recepa a 025 m sem desbrota 25
Recepa a 1 m com desbrota 45
Recepa a 075 m com desbrota 36
Recepa a 05 m com desbrota 36
Recepa a 025 m com desbrota 25

Fonte: Santinato R. et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 15. Resposta do cafeeiro a podas no Cerrado sequeiro resultado de duas safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 20
Poda seletiva 24
Decote a 24 m 31
Decote a 24 m + esqueletamento 24

Fonte: Santinato R. et al. (2016). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 16. Resposta do cafeeiro a tipos de podas no Cerrado sequeiro Mundo Novo resultado de duas safras.

Espaçamento (linha/planta) Produtividade
m Sacas/ha
Testemunha 36
Decote a 2 m 30
Decote a 2 m + desponte 26
Decote a 1 m 23
Decote a 1 m com desponte 23

Fonte: Santinato R. et al. (1999). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 17. Resposta do cafeeiro a tipos de podas no Cerrado resultados de duas safras.

Tratamentos Produtividade
Sacas/ha
Testemunha 40
Decote 18 m sem desbrota 39
Decote 18 m com desbrota 32
Decote 18 m com esqueletamento 31

Fonte: Santinato R. et al. (2008). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Sul de Minas:

Em Varginha Garcia et al. (1998) avaliaram tipos de podas em um Mundo Novo sequeiro 4 x 1 m (2.5000 plantas/ha) durante 6 safras. O tipo de poda menos drástico sem esqueletamento e sem desbrota após decote além de menos oneroso obteve a maior produtividade com 41 sacas/ha.

No trabalho de Miguel et al. (1999) testou-se a resposta do cafeeiro a associação de decote + esqueletamento em diferentes intensidades de poda em Varginha Mundo Novo (4 x 2 m 2.500 plantas/ha) e Catuaí (35 x 1 m 2.857 plantas/ha) resultados 5 safras após. Os melhores resultados foram para o Mundo Novo o decote mais desponte de 03 m e para o Catuaí o decote sem desponte produzindo 39 e 46 sacas/ha respectivamente.

Sobre a necessidade de desbrotar o café Miguel et al. (1985) estudaram em um Mundo Novo sequeiro em São Gonçalo do Sapucaí plantas com 2 m de altura espaçamento 5 x 1 m (2.000 plantas/há) lavoura de 4 anos resultados de 4 safras. A poda simples apenas por decote sem desbrota após decote produziu 40 sacas/ha.

Em espaçamentos mais adensados na linha como 25 m o melhor resultado se deu pela combinação entre decote e desponte lateral produzindo 48 sacas/ha. Os resultados foram obtidos por Abreu et al. (2005) em Santo Antônio do Amparo Catuaí sequeiro 25 x 1 m (4.000 plantas/há) com oito anos ao longo de seis safras.

Em espaçamentos mais largos 35 e 4 m para o Catuaí apenas a poda por decote resulta nos melhores resultados produtivos. Quando se adensa na linha indo para 25 m há a necessidade de se fazer um desponte lateral combinado com o decote. No Mundo Novo espaçado em 4 m entre as linhas o decote pode ser ou não associado com o desponte lateral. A recepa não foi boa opção.

Tabela 18. Resposta do cafeeiro a podas no Sul de Minas sequeiro resultados de seis safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 32
Decote 16 m sem desbrotar 41
Decote 16 m (1 haste) 39
Decote 16 m (2 hastes) 40
Decote 16 m (desbrota total) 22
Decote 16 m (2 hastes) + desponte 38
Decote 16 m (2 hastes) + esqueletamento 40

Fonte: Garcia et al. (1998). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 19. Resposta do cafeeiro a podas no Sul de Minas sequeiro resultados de 5 safras.

Tratamentos Cultivar
Mundo Novo Catuaí
Produtividade
sacas/ha
Testemunha 31 39
Recepa 08 m sem desponte 33 40
Recepa 08 m com desponte 03 m 30 34
Recepa 08 m com desponte 06 m 32 32
Decote 12 m sem desponte 35 39
Decote 12 m com desponte 03 m 34 37
Decote 12 m com desponte 06 m 28 40
Decote 16 m sem desponte 31 46
Decote 16 m com desponte 03 m 39 45
Decote 16 m com desponte 06 m 37 47
Recepa 03 m 25 20

Fonte: Miguel et al. (1999). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 20. Resposta do cafeeiro a poda por decote no Sul de Minas sequeiro 4 safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 36
Decote sem desbrota 40
Decote com desbrota constante 33
Decote com desbrota conduzindo 2 brotos 38

Fonte: Miguel et al. (1985). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 21. Resposta do cafeeiro a podas no Sul de Minas sequeiro seis safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Recepa 03 m 25
Recepa 08 m + pulmão 36
Decote 18 m 47
Decote 18 m + desponte 06 m 48
Desponte 06 m sem decote 44

Fonte: Abreu et al. (2005). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Montanha:

Os resultados de Matiello et al. (2013) em Martins Soares Catuaí 3 x 1 m (3.333 plantas/ha) sequeiro com 14 anos de idade na média de cinco safras indicam que a melhor opção de poda foi a poda minimamente drástica com decote a 16 m sem desbrota posterior ao corte produzindo 66 sacas/ha. No caso desta situação o decote a 16 m foi superior a 2 m do contrário das respostas das outras regiões. Isso pode estar ligado principalmente devido ao espaçamento entre plantas dessa situação ser menor 3 m entre linhas e ainda ter o relevo declivoso com mais de 35% de declividade o que pode reduzir a incidência de luz no interior da lavoura afetando negativamente a produtividade. Outro ponto é que para esta condição o decote mais baixo facilita a colheita que nessa situação é manual ou semi mecanizada. A recepa não foi boa opção.

Tabela 22. Resposta do cafeeiro a podas na Montanha sequeiro cinco safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 53
Decote a 2 m com desbrota 63
Decote a 2 m sem desbrota 64
Decote a 16 m com desbrota 55
Decote a 16 m sem desbrota 66
Esqueeltamento  e decote a 2 m com desbrota 64
Esqueletamento e decote a 2 m sem desbrota 64
Esqueletamento e decote a 16 m com desbrota 62
Esqueletamento e decote a 16 m sem desbrota 65
Recepa a 08 m 50
Recepa a 03 m 44

Fonte: Matiello et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Indicações por região clima irrigação e espaçamento:

  1. Podas em Áreas quentes e irrigadas: Devem ser minimamente drásticas optando sempre pelo decote isolado sempre na maior altura possível de corte. Esqueletamentos são indicados somente quando a lavoura está muito depauperada e devem ser feitos distantes do tronco aproximadamente 60 cm ou mais se a lavoura permitir.
  2. Podas no Cerrado: Os resultados em lavouras espaçadas em 4 m entre linhas (espaçamento mais comum na região) indicam que as podas mínimas apresentam as melhores respostas fazendo-se somente o decote sempre o mais alto possível sem esqueletamento.
  3. Podas no Sul de Minas: Em espaçamentos largos como 38 e 4 m entre linhas fazer apenas o decote sem esqueletamento para a cultivar Catuaí. Para Mundo Novo o decote deve acompanhar de um desponte mínimo feito à 30 cm de distância do tronco. Em espaçamentos mais adensados na linha como o 25 m deve-se fazer para os cafeeiros Catuaí e Mundo Novo o decote associado a um desponte lateral à 60 cm de distância do tronco para o Catuaí e 30 cm do tronco para o Mundo Novo.
  4. Podas na Montanha: Deve-se fazer o decote baixo à 16 m de altura sem esqueletamento.

b) Detalhamento sobre as podas: Como fazer?

Decote:

Em Araguari Catuaí 36 x 05 m (5.555 plantas/ha) irrigado via gotejamento Santinato R. et al. (2013) testaram a altura de decote o resultados na média de 3 safras foi melhor para o decote mais alto testado 2 m produzindo 56 sacas/ha. Em Varginha Mundo Novo 4 x 15 m (1.666 plantas/ha) sequeiro Matiello et al. (2006) testaram a altura de decote e os resultados na média de 3 safras apontaram melhor resposta para o decote feito o mais alto possível 23 m produzindo 25 sacas/ha.

Tabela 23. Resposta do cafeeiro a altura de decote no Cerrado irrigado 3 safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 38
Decote a 2 m 56
Decote a 175 m 48
Decote a 15 m 43

Fonte: Santinato R. et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 24. Resposta do cafeeiro a altura de decote no Sul de Minas Mundo Novo sequeiro 3 safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 35
Decote a 23 m 25
Decote a 2 m 18
Decote a 17 m 13

Fonte: Matiello et al. (2006). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

            No entanto o decote deve ser regulado dependendo da estruturação do ramo ortotropico devendo ser podado quando o ramo esta lignificado não havendo resultados positivos quando o decote é feito no ramo ainda herbáceo como é demonstrado por Santinato R. et al. (2016) que testaram podas leves em Araguari irrigado via gotejamento Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/há) com plantas de altura superior a 3 m 3 safras. Nessas condições houve a necessidade de se cortar 45 cm do ramo para obter a maior produtividade de 48 sacas/ha.

Tabela 25. Resposta do cafeeiro a podas leves no Cerrado irrigado três safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 34
Decote 15 cm 37
Decote 30 cm 47
Decote 45 cm 48

Fonte: Santinato R. et al. (2016). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Santinato R. et al. (2006) estudaram a poda por decote com e sem bandeirinha sendo bandeirinha a denominação de um ramo plagiotrópicos eleito para permanecer junto ao ramo ortotrópico após o decote. O trabalho foi feito em Barreiras BA em um Catuaí irrigado via pivô no espaçamento 38 x 05 m (5.263 plantas/ha) resultados de 3 safras. Os resultados mostraram que não há necessidade de condução por bandeirinha e que quanto mais alto o decote melhores foram as respostas produtivas produzindo 71 sacas/ha.

Tabela 26. Resposta do cafeeiro a poda por decote com e sem bandeirinha em cafeeiro irrigado via pivô Região quente 3 safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 74
Com bandeirinha a 075 m 64
Com bandeirinha a 1 m 60
Com bandeirinha a 125 m 58
Com bandeirinha a 15 m 62
Com bandeirinha a 175 m 71
Com bandeirinha a 2 m 70
Sem bandeirinha a 075 m 58
Sem bandeirinha a 1 m 61
Sem bandeinha a 125 m 64
Sem bandeinha a 15 m 64
Sem bandeirinha a 175 m 64
Sem bandeirinha a 2 m 71

Fonte: Santinato R. et al. (2006). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Esqueletamento:

Em Varginha Mundo Novo 4 x 1 m (2.500 plantas/ha) e Catuaí 38 x 08 m (3.289 plantas/ha) sequeiro avaliou-se a resposta do cafeeiro a frequência de podas ao longo de 14 safras (Garcia et al. 2017). As podas foram feitas com decote a 18 m de altura e esqueletamento a 05 m do tronco. Nesses espaçamentos largos 38 a 4 m entre linhas as menores frequências de podas (a cada 4 anos) apresentaram os melhores resultados para Mundo Novo e Catuaí. Corroborando com os trabalhos anteriores já citados de Miguel et al. (1985); Miguel et al. (1999) e Garcia et al. (1998) para o Catuaí nesse espaçamento a poda minimamente drástica por decote foi a melhor opção produzindo 40 sacas/ha. Para o Mundo Novo o decote associado ao esqueletamento produzindo 55 sacas/ha.

Tabela 27. Resposta do cafeeiro a frequência de podas Sul de Minas sequeiro 14 safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Catuaí Testemunha 43
Catuaí Safra zero a cada 2 anos 32
Catuaí Safra zero a cada 3 anos 33
Catuaí Safra zero a cada 4 anos 36
Catuaí Decote a cada 4 anos 40
Mundo Novo Testemunha 59
Mundo Novo Safra zero a cada 2 anos 46
Mundo Novo Safra zero a cada 3 anos 45
Mundo Novo Safra zero a cada 4 anos 55
Mundo Novo Decote a cada 4 anos 50

Fonte: Garcia et al. (2017). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Santo et al. (2003) testaram em Luis Eduardo Magalhães Catuaí 4 x 05 m (5.000 plantas/ha) podas de reforma de lavoura com resultados de 4 safras. Em áreas extremamente quentes em que o lado do cafeeiro exposto ao Sol da tarde sofre mais com os efeitos danosos da escaldadura o esqueletamento realizado exclusivamente neste lado resultou na maior produtividade produzindo 53 sacas/ha.

Tabela 28. Resposta do cafeeiro a podas em Região quente irrigado quatro safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 54
Esqueletamento dos dois lados 05 m + decote 18 m 38
Esqueletamento lado sol da manhã 05 m + decote 18 m 45
Esqueletamento lado sol da tarde 05 m + decote 18 m 53
Recepa 04 m sem pulmão 29
Recepa 04 m com pulmão 29

Fonte: Santo et al. (2003). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

            Pelos resultados obtidos por Santinato et al. (2013) na Bahia em cafeeiro Catuaí irrigado via Pivô e de Miguel em Varginha em cafeeiros Mundo Novo e Catuaí sequeiro Santinato F et al. (2020) preparou a seguinte tabela sobre distância de corte do esqueletamento.

            Ficou evidente que o esqueletamento no Catuaí tanto em áreas quentes quanto em regiões de clima ameno deve ser feito mais distante do tronco possível. Já para o Mundo Novo em região de clima ameno a poda deve ser feita mais próxima do tronco. Isso ocorre provavelmente pela maior habilidade do Catuaí em ramificar-se através do palmeamento. O Mundo Novo por ter pouco palmeamento e também por ter ramos muito longos e mais finos que os do Catuaí devem ser cortados mais próximo do tronco aonde são mais lignificados e grossos.

Tabela 29. Resposta do cafeeiro distância de corte do esqueletamento (resumo).

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Áreas quentes
Catuaí Decote 22 m + esqueletamento 05 m 35
Catuaí Decote 22 m + esqueletamento 025 m 34
Catuaí Decote 18 m + esqueletamento 05 m 39
Catuaí Decote 18 m + esqueletamento 025 m 26
Sul de Minas
Mundo Novo Decote 12 m com desponte 03 m 34
Mundo Novo Decote 12 m com desponte 06 m 28
Mundo Novo Decote 16 m com desponte 03 m 39
Mundo NovoDecote 16 m com desponte 06 m 37
Catuaí Decote 12 m com desponte 03 m 37
Catuaí Decote 12 m com desponte 06 m 40
Catuaí Decote 16 m com desponte 03 m 45
Catuaí Decote 16 m com desponte 06 m 47

Fonte: Santinato F. et al. (2020). – Dados não publicados.

Recepa:

Sobre as recepas sabe-se que por não ocorrerem de forma homogênea as rebrotas irregulares reduzem o estande de plantas a cada vez que a recepa é procedida. Em um estudo de 15 safras Garcia et al. (1999) Mundo Novo em Varginha verificou-se o seguinte:

Tabela 30. Resposta do cafeeiro a podas Sul de Minas Mundo Novo 5 safras.

Espaçamento e poda Densidade inicial Densidade final Redução de densidade de plantas
m Plantas/ha %
2 x 05 (recepado) 10.000 7.200 28
2 x 1 (recepado) 5.000 2.800 44
25 x 05 (recepado) 8.000 6.240 22
4 x 15 (decotado/recepado) 1.666 1.428 14
4 x 2 (decotado/recepado) 2.500 2.250 10

Fonte: Garcia et al. (1999). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

            Por causa disto e do elevado custo as recepas são realizadas cada vez menos na cafeicultura sendo a última opção de poda. Deve-se realizar somente quando a lavoura já apresenta pequena quantidade de ramos laterais que desapareceram em função da competição por luz ocasionada pelo excesso de auto sombreamento e a não realização de desbrotas durante a formação da lavoura.

Barros et al. (2000) avaliaram o número de hastes para condução de recepa do cafeeiro em espaçamento 2 x 07 m (7.142 plantas/ha) em Martins Soares ao longo de cinco safras. Paulini et al. (1980) testaram poda em Conillon como fazer a recepa espaçado em 25 x 25 m (1.600 plantas/ha) em Baixo Guandú 5 safras. Jabor et al. (1985) estudaram o número de hastes ideal para condução de Conillon em Marilândia ao longo de 6 safras em um espaçamento 45 x 25 m 2 mudas por cova (1.600 plantas/ha).

Tanto para arábica quanto para Conillon o melhor número de hastes deixadas após a recepa foram duas.

Tabela 31. Resposta do cafeeiro a número de brotos por plantas para espaçamento 2 x 07 m (7.154 plantas/há) na Montanha sequeiro 5 safras.

Nº de hastes Produtividade
Sacas/ha
1 70
2 82
3 75
4 78
Livre 78

Fonte: Barros et al. (2000). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 32. Resposta do cafeeiro a poda por recepa em conillon na Montanha sequeiro 5 safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Recepa total deixando 3 ramos na rebrota 56
Recepa deixando 1 haste e 3 ramos na rebrota 86
Testemunha com eliminação de uma linha 72

Fonte: Paulini et al. (1980). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 33. Resposta do cafeeiro a número de hastes em Conillon na Montanha sequeiro 6 safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 20
2 hastes/cova 15
4 hastes/cova 18
6 hastes/cova 18
8 hastes/cova 18
12 hastes/cova 19

Fonte: Jabor et al. (1985). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

            Compilando os dados de: Matiello et al. (2010); Matiello et al. (2013); Abreu et al. (2005); Miguel et al. (1999); Santo et al. (2003) e Santinato R. et al. (2013) Santinato F. et al. (2020) preparou a seguinte Tabela sobre respostas do cafeeiro a diferentes tipos de recepa.

            A recepa deve ser feita até 80 cm de altura do solo evitando recepas baixas de 30 e 40 cm do solo. A opção de conduzir uma recepa alta com pulmão eleva as produtividades e as recepas devem ser desbrotadas ao longo de sua condução

Tabela 34. Resposta do cafeeiro a diferentes tipos de recepa (resumo).

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Áreas quentes e irrigadas
Pirapora Irrigado Pivô Recepa a 40 cm do solo 40
Pirapora Irrigado Pivô Recepa a 70 cm do solo 47
L. E. Magalhães Irrigado Pivô Recepa a 40 cm do solo sem pulmão 29
L. E. Magalhães Irrigado Pivô Recepa a 40 cm do solo com pulmão 29
Cerrado
Araguari irrigado recepa a 25 cm sem desbrota 25
Araguari irrigado recepa a 25 cm com desbrota 25
Araguari irrigado recepa a 05 m sem desbrota 32
Araguari irrigado recepa a 05 m com desbrota 36
Araguari irrigado recepa a 075 m sem desbrota 36
Araguari irrigado recepa a 075 m com desbrota 36
Araguari irrigado recepa a 1 m sem desbrota 41
Araguari irrigado recepa a 1 m com desbrota 45
Sul de Minas
Santo Antônio do Amparo Recepa a 30 cm do solo sem pulmão 25
Santo Antônio do Amparo Recepa a 80 cm do solo com pulmão 36
Varginha Recepa a 30 cm do solo Mundo Novo 25
Varginha Recepa a 80 cm do solo Mundo Novo 33
Varginha Recepa a 30 cm do solo Catuaí 20
Varginha Recepa a 80 cm do solo Catuaí 40
Montanha
Recepa a 30 cm do solo 44
Recepa a 80 cm do solo 50

Fonte: Santinato F. et al. (2020). – Dados não publicados.

  • Época de podas:

            Abreu et al. (2005) testou épocas de poda por esqueletamento mais decote em Santo Antônio do Amparo Catuaí 25 x 1 m (4.000 plantas/ha) com 8 anos de idade na média de seis safras. Fagundes et al. (2011) testaram em Varginha época de podas por esqueletamento (35 cm) e decote (2 m) feitas quando as lavouras tinham mais de 20 anos de idade na média de seis safras. Santinato R. et al. (2013) testaram em Araguari irrigado via gotejamento Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/ha) lavoura de 10 anos épocas de decote à 22 m na média de 4 safras. Rosa et al. (2014) estudaram em Martins Soares Catuaí 2 x 1 m (5.000 plantas/ha) época de recepa na média de 5 safras.

            Em quase todas as situações no Sul de Minas Cerrado ou Montanha a melhor época de poda do café foi o mais cedo possível. Isso pois a planta teria mais tempo hábil de crescer e produzir nós produtivos para constituir a produtividade da safra seguinte.

Tabela 35. Resposta do cafeeiro a épocas de podas no Sul de Minas sequeiro seis safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Agosto 42
Outubro 43
Dezembro 36

Fonte: Abreu et al. (2005). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 36. Resposta do cafeeiro a épocas de podas no Sul de Minas sequeiro seis safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Mundo Novo testemunha 30
Mundo Novo julho 36
Mundo Novo agosto 35
Mundo Novo setembro 33
Mundo Novo outubro 29
Mundo Novo novembro 31
Mundo Novo dezembro 32
Catuaí testemunha 36
Catuaí julho 29
Catuaí agosto 30
Catuaí setembro 32
Catuaí outubro 29
Catuaí novembro 31
Catuaí dezembro 31

Fonte: Fagundes et al. (2011). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 37. Resposta do cafeeiro a épocas de podas no Cerrado irrigado quatro safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Agosto 49
Setembro 45
Outubro 45
Novembro 48

Fonte: Santinato R. et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Tabela 38. Resposta do cafeeiro a épocas de podas na Montanha sequeiro cinco safras.

Tratamentos Produtividade
sacas/ha
Testemunha 52
Julho 42
Agosto 40
Setembro 37
Dezembro 34

Fonte: Rosa et al. (2014). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Dr. Felipe Santinato – Pesquisador e Consultor da Santinato Cafés; Pós doutorando IAC Campinas SP.

Engenheiro Agrônomo formado na UNESP Jaboticabal (05/08/2013) Mestre em Produção Vegetal pela UFV Rio Paranaíba (22/07/2014) Doutor em Produção Vegetal pela UNESP Jaboticabal (05/12/2016) trabalhando principalmente com Nutrição de plantas Colheita mecanizada do café e Agricultura de Precisão. Publicou dois livros 39 Artigos Científicos Nacionais e Internacionais 133 Trabalhos publicados na área cinco Capítulos de Livros nove Boletins Técnicos ministrou cerca de 69 palestras e treinamentos para agrônomos consultores e cafeicultores em todo território cafeeiro. Atualmente é aluno de Pós Doutorado no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) aonde realiza pesquisas objetivando aumentar a eficiência na utilização dos nutrientes na cafeicultura entendimento e redução da bienalidade produtiva e sustentabilidade do processo de produção de café. Também lidera um amplo projeto interinstitucional sobre resistência a seca bicho mineiro nematoides e produtividade com novas variedades em áreas irrigadas e de sequeiro em quatro localidades do Cerrado Mineiro e Goiano. Produz café em São Paulo e Minas Gerais presta consultoria em Fazendas e coordena  cinco Campos Experimentais (São João da Boa Vista SP; Patos de Minas MG; Rio Paranaíba MG; Araxá MG e João Pinheiro MG).

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