Dr. Felipe Santinato; Roberto Santinato; José Braz Matiello; Victor Afonso Reis Gonçalves
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Resposta à Podas na Cultura do Café:
As podas são uma prática com diversas utilidades para o cafeeiro com respostas extremamente variadas. Da mesma forma que para o fator espaçamento as podas são demasiadamente influenciadas pelo direcionamento de plantio devido ao caminhamento do Sol proporcionar exposições solares variadas no exterior e principalmente no interior das lavouras. As respostas das podas também são influenciadas pelo clima espaçamento adubação e irrigação. De acordo com a temperatura da região ocorrerá uma taxa de crescimento e renovação de ramos plagiotrópicos e também de ortotrópicos “ladrões” refletindo nas respostas produtivas.
As podas tem por utilidade: Abrir espaço no interior da lavoura que se fecharam e reduziram a incidência de luz em seu interior ou estão atrapalhando o fluxo de máquinas devendo ser feito a poda de esqueletamento esqueletamento + decote ou simplemente a remoção de ramos “ladrões” indesejados através da desbrota (limpeza). Outra utilidade é para a renovação da lavoura devido ao desgaste dos ramos já velhos e/ou depauperados por exaustão produtiva ou por ataque severo de pragas e doenças. Nesse caso geralmente se faz o esqueletamento e esqueletamento + decote variáveis quanto a quantidade de material vegetal removido alterando a distância de corte em relação ao tronco (esqueletamento) e em relação ao solo ou ápice da planta (decote).
Existem também as podas para ajuste de altura para adaptar as lavouras a passagem do Pivô de irrigação e de colhedoras mecanizadas ou quando se deseja limitar a altura da planta para facilitar a colheita manual esta última mais frequente nas regiões montanhosas em que a mecanização é impossibilidade pela declividade e a colheita e os demais tratos são geralmente manuai ou semi-mecanizados. Para essas situações a simples poda por decote é suficiente e requer sua realização mais frequente dependendo da taxa de crescimento dos cafeeiros e esta condicionada principalmente pelo clima da região.
Há também a possibilidade de utilização das podas para modificação de espaçamentos. Quando se opta por um espaçamento super ou hiperadensado e a medida que a lavoura cresce e reduz a entrada de luz ha a necessidade de se realizar ou uma poda ou uma remoção parcial de cafeeiros (arranquio de linhas) e também quando o cafeicultor decide migrar do sistema adensado para o largo adaptando a lavoura para a mecanização (espaçamento mínimo de 3 m entre linhas).
Por fim e sendo a mais antiga existe a poda por recepa que remove boa parte das estruturas vegetativas da planta cortando-a a uma distância do solo que varia de 30 a 80 cm e deve ser utilizada no caso de cafeeiros cujo a quantidade de ramos plagiotrópicos é pequena não valendo a pena serem esqueletados e isto devido ao mal manejo das podas anteriores que favoreceram o auto sombreamento demasiado promovendo a “perda de saia”.
As pesquisas ao longo de décadas evidenciam as repostas das podas ao cafeeiro. Neste capítulo organizamos as repostas de longa duração por assuntos e necessidades com especificações e recomendações.
Podas de modificação de espaçamento:
Esse tipo de poda deve sempre ser feito quando o cafeicultor deseja modificar o seu estande de plantas migrando para espaçamentos mais largos afim de adaptar a lavoura para a mecanização. Pensando em respostas em produtividade a série de experimentos realizadas sobre a poda nesse tipo de lavoura mostra uma série de respostas variáveis a depender da região cultivar e espaçamento como veremos adiante.
São Paulo:
Silva et al. (1999) estudaram a resposta do cafeeiro a espaçamentos e posteriormente reformas de espaçamentos Mundo Novo sequeiro 10 safras em Espírito Santo do Pinhal. Quando não modificou-se o espaçamento a melhor resposta se deu com o 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) produzindo 59 sacas/ha. Quando optou-se pela modificação do espaçamento as melhores respostas foram obtidas com o 15 x 05 m (13.333 plantas/ha) para o 3 x 05 m (6.666 plantas/ha) e o 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) para o 4 x 05 m (5.000 plantas/ha) modificados pelo arranquio das linhas centrais a partir da 2ª safra. Como o espaçamento 4 x 05 m apresenta maior vida útil postergando uma futura necessidade de outra poda em relação ao espaçamento 3 x 05 m a indicação seria esta.
Neste trabalho os tratamentos permitiram comparar o seguinte: Implantar a lavoura já adaptada para mecanização (3 x 05 ou 4 x 05 m) e implantar a lavoura mais adensada (15 x 05 ou 2 x 05 m) e depois transforam-la em 3 x 05 m e 4 x 05 m após a segunda safra. Os resultados mostraram aumentos de 11 e 19 sacas/ha respectivamente quando se iniciou a lavoura de forma mais adensada. Deve-se portanto fazer cálculos sobre os custos de implantação e erradicação parcial de linhas de café para verificar a viabilidade econômica.
Tabela 1. Resposta do cafeeiro a modificações de espaçamento para Mundo Novo em São Paulo sequeiro 10 safras.
Tratamentos | Produtividade | ||||||||||
Sacas/ha | |||||||||||
Safras | |||||||||||
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | M | |
05 x 05 | 19 | 92 | 32 | 0 | 28 | 33 | 12 | 71 | 69 | 53 | 41 |
1 x 05 | 40 | 103 | 54 | 0 | 90 | 36 | 30 | 102 | 63 | 36 | 56 |
15 x 05 | 55 | 138 | 35 | 10 | 36 | 25 | 25 | 59 | 49 | 33 | 47 |
2 x 05 | 41 | 127 | 25 | 0 | 132 | 1 | 33 | 138 | 43 | 49 | 59 |
3 x 05 | 41 | 83 | 32 | 31 | 61 | 5 | 84 | 62 | 32 | 54 | 49 |
4 x 05 | 36 | 50 | 39 | 17 | 54 | 21 | 45 | 53 | 63 | 29 | 41 |
05 x 05 para 1 x 05 (a partir da 2ª safra) | 48 | ||||||||||
05 x 05 para 15 x 05 (a partir da 2ª safra) | 51 | ||||||||||
1 x 05 para 2 x 05 (a partir da 2ª safra) | 54 | ||||||||||
15 x 05 para 3 x 05 (a partir da 2ª safra) | 60 | ||||||||||
2 x 05 para 4 x 05 (a partir da 2ª safra) | 60 | ||||||||||
05 x 05 para 15 x 05 (a partir da 3ª safra) | 48 | ||||||||||
1 x 05 para 2 x 05 (a partir da 3ª safra) | 51 | ||||||||||
15 x 05 para 3 x 05 (a partir da 3ª safra) | 54 | ||||||||||
2 x 05 para 4 x 05 (a partir da 4ª safra) | 53 |
Fonte: Silva et al. (1999). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Sertório et al. (2003) fizeram em Espírito Santo do Pinhal em Catucaí sequeiro podas de modificação de espaçamento resultados na média de 6 safras. Na opção adensada o melhor tratamento foi o 15 x 05 m (13.333 plantas/ha) sem poda e sem transformação de espaçamento produzindo 55 sacas/ha. Para a opção de adaptação a mecanização a melhor resposta foi obtida com o 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) transformado para o 4 x 05 m (5.000 plantas/ha) produzindo 39 sacas/ha. Neste trabalho também pudemos ver a comparação entre iniciar a lavoura com um espaçamento adensado e depois transforma-lo em adaptado a mecanização x iniciar com o espaçamento já adaptado para a mecanização. A técnica permitiu aumento de 14 sacas/ha nas transformações para 4 x 05 m e de 5 sacas/há para o 3 x 05 m.
Tabela 2. Resposta do cafeeiro a podas de modificação de espaçamento em São Paulo sequeiro Catucaí 6 safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
1 x 05 | 37 |
15 x 05 | 55 |
2 x 05 | 43 |
1 x 05 para 2 x 05 | 44 |
15 x 05 para 3 x 05 | 31 |
2 x 05 para 4 x 05 | 39 |
3 x 05 | 26 |
4 x 05 | 25 |
Fonte: Sertório et al. (2003). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Cerrado:
Santinato R. et al. (1996) estudaram a correta época de eliminação de linha central de cafeeiros adensados em Patos de Minas irrigado em um Catuaí 2 x 05 m (5.000 plantas/há) resultados de 5 safras. A modificação do espaçamento deve ser feita nessas condições pois produziu mais que a manutenção do espaçamento original 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) além do que tratando-se da região do Cerrado em que a mecanização é facilitada pela declividade suave reduzindo custos operacionais em até 70%. A melhor resposta foi obtida com a modificação logo após a 2ª safra produzindo 74 sacas/ha.
Tabela 3. Resposta do cafeeiro a eliminação de linha central em espaçamento adensado (2 x 05 m) no Cerrado irrigado Catuaí 5 safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha 2 x 05 | 66 |
2 x 05 para 4 x 05 após a 1ª safra | 72 |
2 x 05 para 4 x 05 após a 2ª safra | 74 |
2 x 05 para 4 x 05 após a 3ª safra | 72 |
2 x 05 para 4 x 05 após a 4ª safra | 58 |
2 x 05 para 4 x 05 após a 5ª safra | 69 |
2 x 05 para 4 x 05 após a 6ª safra | 70 |
Fonte: Santinato R. et al. (1996). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Sul de Minas:
Toledo et al. (1994) estudaram podas de modificação de espaçamento em Varginha ao longo de 16 safras em Acaiá. Neste trabalho ficou claro que o arranquio de linha associado ou não a podas reduziu a produtividade do cafeeiro sendo o melhor tratamento a manutenção do espaçamento 2 x 05 m (10.000 plantas/ha) produzindo 50 sacas/ha. O segundo colocado 1 x 05 m modificado para 2 x 05 m produziu 48 sacas/ha porém não há utilidade nesta transformação de estande visto que a lavoura continua impossibilitada de mecanização plena. Pensando em adaptar a lavoura adensada para a mecanização a melhor resposta foi com o 1 x 1 m (10.000 plantas/ha) que passou para o 3 x 1 m (3.333 plantas/ha) combinado com recepa produzindo 38 sacas/ha.
Tabela 4. Resposta do cafeeiro a eliminação de linha central em espaçamento adensado e/ou tipos de podas no Sul de Minas sequeiro em Acaiá 16 safras.
Tratamentos | Podas | Produtividade |
Sacas/ha | ||
1 x 05 para 2 x 05 | Recepa em 1979 arraquio de linha em 1981 e recepa em 1983 e 1989 | 48 |
1 x 05 para 2 x 1 | Arranquio de linha em 1979 de planta em 1983 e recepa em 1983 e 1989 | 44 |
2 x 05 | Recepa em 1985 | 50 |
1 x 1 para 3 x 1 | Recepa em 1983 e arranquio de linha em 1986 | 38 |
2 x 05 x 05 para 25 x 05 | Recepa e arraquio de linha em 1985 | 52 |
4 x 15 | Decote em 1983 e 1985 | 30 |
4 x 2 (2 plantas/cova) | Decote em 1983 e 1985 | 28 |
Fonte: Toledo et al. (1994). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Toledo et al. (1993) testaram em lavouras adensadas 175 x 1 m (5.714 plantas/há) em Varginha Catuaí sequeiro iniciando quando as lavouras estavam na oitava safra resultados de 12 safras. Nenhuma das podas ou arranquio elevou a produtividade em relação a manutenção do espaçamento original que produziu 35 sacas/ha. No caso a adaptação do estande para a mecanização produziu 26 sacas/ha.
Tabela 5. Resposta do cafeeiro a podas e/ou modificações em lavouras adensadas no Sul de Minas sequeiro 12 safras
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha | 35 |
Fukunaga | 28 |
2 alternos | 24 |
Recepa total | 25 |
Decote herbáceo | 22 |
Arraquio alternado passando para 35 x 1 | 26 |
Fonte: Toledo et al. (1993). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Montanha:
Rocha et al. (1998) estudaram poda e modificação de lavoura adensada 2 x 1 m (5.000 plantas/ha) Catuaí em Marechal Floriano até a sexta safra. Nessas condições a melhor resposta foi obtida mantendo o estande de plantas original porém fazendo-se o esqueletamento de apenas um lado da linha do cafeeiro produzindo 17 sacas/ha.
Tabela 6. Resposta do cafeeiro a modificação de espaçamento na Montanha sequeiro seis safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha | 9 |
Esqueletamento de um lado da planta | 17 |
Recepa 1/3 das linhas | 13 |
Recepa linhas alternadas | 14 |
Esqueletamento dos dois lados da planta | 14 |
Recepa de plantas alternadas | 14 |
Arranquio de linhas alternadas | 13 |
Recepa total das plantas | 14 |
Arranquio de linhas alternadas | 8 |
Fonte: Rocha et al. (1998). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Matiello et al. (2010) estudaram em Martins Soares Catuaí sequeiro super adensado o momento ideal de início da poda por recepa resultados de seis safras. Ficou evidente que a recepa feita em qualquer uma das safras reduziu a produtividade sendo a melhore resposta a própria manutenção das plantas como estavam em seus espaçamentos de 13 x 05 m (15.384 plantas/ha) e 1 x 05 m (20.000 plantas/ha) produzindo 104 e 83 sacas/ha respectivamente.
Tabela 7. Resposta do cafeeiro a podas de modificação de espaçamento na Montanha sequeiro média de seis safras.
Tratamentos | Estande | Produtividade | |
Plantas/há | Sacas/ha | ||
13 x 05 sem recepa | 15.384 | 104 | |
13 x 05 recepado após 1ª safra | 66 | ||
13 x 05 recepado após 2ª safra | 66 | ||
13 x 05 recepado após 3ª safra | 70 | ||
13 x 05 recepado após 4ª safra | 74 | ||
1 x 05 sem recepa | 20.000 | 83 | |
1 x 05 recepado após 1ª safra | 56 | ||
1 x 05 recepado após 2ª safra | 63 | ||
1 x 05 recepado após 3ª safra | 59 | ||
1 x 05 recepado após 4ª safra | 62 |
Fonte: Matiello et al. (2010). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Em outro trabalho em Martins Soares Matiello et al. (2004) estudaram a resposta de poda e erradicação de linhas em cafeeiro super adensado 1 x 07 m (14.287 plantas/há) ao longo de 9 safras. Neste trabalho novamente na região de Montanha a melhor resposta foi não alterar o estande de plantas e nem recepar a lavoura mantendo-a no espaçamento original. Apenas em um dos tratamentos testados “eliminação das linhas 50% após a 5ª safra” houve melhora na produtividade.
Tabela 8. Resposta do cafeeiro a podas de modificação de espaçamento na Montanha sequeiro 9 safras
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha | 81 |
Recepa após 1ª safra | 55 |
Recepa após 2ª safra | 56 |
Recepa após 3ª safra | 65 |
REcepa após 4ª safra | 62 |
Recepa após 5ª safra | 68 |
Recepa após 6ª safra | 66 |
Recepa após 7ª safra | 58 |
Eliminação de 50% das linhas após 1ª safra | 63 |
Eliminação de 50% das linhas após 2ª safra | 55 |
Eliminação de 50% das linhas após 3ª safra | 68 |
Eliminação de 50% das linhas após 4ª safra | 74 |
Eliminação de 50% das linhas após 5ª safra | 88 |
Eliminação de 50% das linhas após 6ª safra | 75 |
Eliminação de 50% das linhas após 7ª safra | 66 |
Recepa em linhas alternadas após 1ª safra | 65 |
Recepa em linhas alternadas após 2ª safra | 70 |
Recepa em linhas alternadas após 3ª safra | 71 |
Recepa em linhas alternadas após 4ª safra | 71 |
Recepa em linhas alternadas após 5ª safra | 65 |
Recepa em linhas alternadas após 6ª safra | 80 |
Recepa em linhas alternadas após 7ª safra | 69 |
Fonte: Matiello et al. (2004). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tipos de poda:
As podas se iniciaram há muito tempo na cafeicultura começando pelas podas por recepa principalmente quando ocorriam geadas que destruíam suas estruturas vegetativas parcialmente havendo a necessidade de remoção para posterior brotação e renovação. Das podas por recepa removendo toda estrutura vegetativa do cafeeiro a partir de 30 cm do solo criaram-se as podas por decote removendo a parte do ápice da planta menos drástica indicada quando o “efeito” da geada não foi tão severo. O que determinava a altura da poda e se por recepa ou por decote era o exame através da raspagem do tronco e verificação do fluxo de seiva dias após a ocorrência do fenômeno climático. O ponto de ausência de fluxo seguido de necrose caulinar indicava a correta parte da planta que deveria ser segmentada e removida.
Mais adiante começaram a ser feitas na cultura do café as podas por esqueletamento menos drásticas que a recepa e com outras particularidades no início da década de 1970” pelo pesquisador Chebabi A. (1975). O mesmo argumentava: “O princípio fundamental da nossa tese é a observação de que a planta demora mais tempo para fazer troncos e galhos grossos do que ramagem fina quando perdida por geada ou fogo ligeiro. Assim a recepa além de onerosa demora 2 anos para produzir; o decote em lavouras fechadas sem desbrota produz bem um ano e depois envassoura a copa”. Nessas experimentações testadas durante safras criou-se o conceito do esquentamento que consistia na remoção dos ramos plagiotrópicos a uma distância de 25 a 40 cm do tronco. Modernamente o esqueletamento evoluiu e passou a ser indicado removendo quantidades ainda menores de vegetação há distancias de 60 a até 90 cm do tronco ganhando o nome de “desponte lateral”ou “lambida”.
A poda por equeletamento também foi preponderante para a criação do conceito do sistema de poda “safra zero” em que se faz o esqueletamento a cada dois abdicando sempre de um ano do biênio produtivo por este ser totalmente destinado ao crescimento vegetativo. O sistema safra zero apresenta bons resultados porém variações nas respostas produtivas que decaem a medida que são feitos seus ciclos já em lavouras muito velhas e com menor quantidade de ramos plagiotrópicos para serem renovados. Modernamente já pensando em implantar a lavoura cafeeira nesse sistema adota-se espaçamentos mais adensados na linha visto que a competição por espaço e luz não é mais problema e sabendo que as podas serão mais frequentes. Para este tipo de condução indica-se espaçamentos de 32 a 35 m entre linhas e não o 4 m obtendo resultados produtivos bastante significativos. A adoção do sistema safra zero em lavouras de espaçamento mais largos como o de 4 m e/ou em lavouras irrigadas que crescem a uma taxa maior não é indicado visto que os resultados de podas por conveniência (quando a poda não é calendarizada e sim feita ocasionalmente após avaliação agronômica de sua real necessidade) apresenta resultados produtivos mais favoráveis como veremos adiante.
Com relação a desbrota deve-se segmentar os conceitos em “Desbrota de condução e limpeza da lavoura em formação” e “Desbrota posterior ao decote”. A desbrota de condução e limpeza deve ser feita desde o surgimento dos primeiros brotos “ladrões” que ocorrem meses após o plantio do cafeeiro e permanecem brotando até que o dossel da planta se feche. Esses brotos surgem também em lavouras jovens e adultas ocasionalmente principalmente em lavouras que ficam “vazadas” decorrentes de depauperamento por falta de nutrição ou ataque de pragas e doenças principalmente em cultivares de porte alto (Mundo Novo Acaiá Bourbon) devendo ser removidos. Essa desbrota deve ser feita ainda quando os brotos são pequenos pois a condução de tais brotos principalmente quando tem origem basal ou intermediaria ao corpo do café reduzem a quantidade de ramos plagiotrópicos por ocuparem seus espaços diminuindo a vida útil produtiva da lavoura. No caso da Desbrota posterior ao decote os resultados não são favoráveis visto que não aumentam a produtividade e são onerosos. Para tanto indica-se fazer o decote o mais alto possível colher o café oriundo dos brotos no topete da planta e em seguida fazer novamente o decote porém a uma altura 10 a 15 cm abaixo do primeiro corte evitando o corte em cima de corte que prolifera os brotos e cria o envassouramento que vegeta e produz pequenas quantidades de café que geralmente são difíceis de ser colhidos por permanecerem verdes e miúdos por longo tempo.
Por fim existe também a poda seletiva feita de forma semi mecanizada podando-se as plantas geralmente fazendo-se somente um decote utilizando foice ou serrinha elétrica em pés depauperados. Os pés de café com vigor e estruturados não são podados sendo saltados. Com isso após uma safra ocorre a homogeneização do talhão ficando todos vegetados sem pés com aspecto de “pescoço pelado”. Esta poda é indicada em talhões que apresentam menos de 30-40% de plantas fracas e as respostas em regiões quentes e irrigadas são altamente significativas.
A escolha da poda deve levar em consideração: a região que se cultiva do café devido ao clima e irrigação a cultivar o espaçamento a necessidade e o objetivo. A pesquisa cafeeira mostra em várias regiões e condições os melhores resultados para a poda inclusive sobre época modo frequência e da necessidade ou não de se proceder a desbrota/limpeza.
Áreas quentes:
Santinato R. et al. (2013) fizeram poda por decote em Unaí em Catuaí com elevada altura 9 anos de idade irrigado via pivô LEPA espaçado em 38 x 05 m (5.263 plantas/ha) resultados de 3 safras. No caso desta situação de região de clima quente e lavoura irrigada a poda menos drástica resultou nos melhores resultados produzindo 54 sacas/ha. O mesmo foi obtido por Matiello et al. (2010) que testaram em Pirapora Catuaí 35 anos 36 x 05 m (5.555 plantas/ha) irrigado pivô LEPA tipos de podas na média de 5 safras onde a poda minimamente drástica produziu 62 sacas/ha.
Santinato R. et al. (2006) estudaram a altura do decote em Paracatu cafeeiro irrigado 4 x 05 (5.000 plantas/ha) Catuaí. A média da lavoura era de 63 sacas/ha em cinco safras e a poda minimante drástica foi superior a poda mais drástica produzindo 56 sacas/ha resultado de 5 safras.
Santinato R. et al. (2008) estudaram o efeito da desbrota na Bahia em cafeeiro irrigado via pivô Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/há) média de 2 safras. Nas condições de lavoura velha irrigada via pivô em região quente onde o cafeeiro cresce acentuadamente a realização das desbrotas de condução da lavoura aumentou a produtividade produzindo 42 sacas/ha.
Com relação ao esqueletamento e sistema safra zero em áreas quentes e irrigadas qualquer frequência deste tipo de poda reduziu a produtividade em relação a poda seletiva feita ocasionalmente e de forma individualizada após avaliação no campo. O estudo foi feito por Santinato F. et al. (2019) em Catalão Pivô 4 x 05 m (5.000 plantas/ha) Catuaí 14 safras.
Em todos os casos as podas minimamente drásticas foram as mais indicadas com o decote sendo feito isolado sempre o mais alto possível. Os esqueletamentos e/ou despontes não foram necessários. A recepa foi a pior opção produtiva.
Tabela 9. Resposta do cafeeiro a podas leves Região quente irrigada via pivô 3 safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha | 39 |
Decote 22 m | 54 |
Decote 22 m + esqueletamento 05 m | 35 |
Decote 22 m + esqueletamento 025 m | 34 |
Decote 18 m | 53 |
Decote 18 m + esqueletamento 05 m | 39 |
Decote 18 m + esqueletamento 025 m | 26 |
Fonte: Santinato R. et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 10. Resposta do cafeeiro a podas em Região quente irrigada via pivô 5 safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha | 67 |
Decote 18 m | 62 |
Decote 12 m | 55 |
Esqueletamento | 55 |
Recepa baixa (40 cm) | 40 |
Recepa alta (70 cm) | 47 |
Fonte: Matiello et al. (2010). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 11. Resposta do cafeeiro a poda por decote em Região Quente irrigado 5 safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Decote alto 24 m | 56 |
Decote baixo 16 m | 51 |
Fonte: Santinato R. et al. (2006). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 12. Resposta do cafeeiro a desbrota em Região Quente irrigado via Pivô 2 safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha | 29 |
Desbrota o ano todo | 42 |
Desbrota a cada 2 anos | 33 |
Desbrota seletiva todo ano | 33 |
Desbrota seletiva a cada 2 anos | 37 |
Fonte: Santinato R. et al. (2008). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 13. Resposta do cafeeiro a frequência de podas em Região Quente irrigada via pivô 14 safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Potencial do safra zero na região (outros talhões) | 47 |
Poda seletiva | 55 |
Safra zero desde a 8ª safra (4 ciclos) | 52 |
Safra zero desde a 11ª safra (3 ciclos) | 49 |
Safra zero desde a 7ª safra (45 ciclos) | 45 |
Média do safra zero | 49 |
Fonte: Santinato F. et al. (2019). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Cerrado:
Em Araguari Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/ha) irrigado via gotejamento Santinato R. et al. (2013) testaram tipos de poda para recuperação de lavoura velha e depauperada. Os resultados na média de 4 safras indicaram que a melhor poda foi o decote à 2 m de altura sem desbrota posterior ao decote produzindo 55 sacas/ha.
Santinato R. et al. (2016) estudaram o efeito de podas leves no cafeeiro em Araxá sequeiro Catuaí 4 x 05 m (5.000 plantas/há) ao longo de duas safras. A poda minimamente drástica obteve a melhor resposta produzindo 31 sacas/ha. O mesmo foi obtido em Carmo do Paranaíba Mundo Novo sequeiro 4 x 075 m (3.333 plantas/há) lavoura de seis safras em que os resultados média de duas safras indicaram que a poda somente por decote à 2 m de altura produziu 30 sacas/ha (Santinato R. et al. 1999).
Em Araxá Santinato R. et al. (2008) Catuaí sequeiro 4 x 05 m (5.000 plantas/há) ao longo de duas safras também obtiveram as melhores respostas com as podas menos drásticas em que somente o decote sem desbrota posterior ao decote e sem esqueletamento produziu mais café (39 sacas/ha).
No Cerrado as indicações são semelhantes para áreas quentes sendo as melhores opções as podas minimamente drásticas com o decote sendo feito isolado e sempre o mais alto possível na ausência do esqueletamento e/ou desponte. As recepas foram a pior opção.
Tabela 14. Resposta do cafeeiro a tipos de podas no Cerrado irrigado resultados de 4 safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha | 34 |
Decote a 2 m sem desbrota | 55 |
Decote a 175 m sem desbrota | 47 |
Decote a 15 m sem desbrota | 45 |
Decote a 125 m sem desbrota | 47 |
Decote a 2 m com desbrota | 54 |
Decote a 175 m com desbrota | 45 |
Decote a 15 m com desbrota | 47 |
Decote a 125 m com debrota | 41 |
Recepa a 1 m sem desbrota | 41 |
Recepa a 075 m sem desbrota | 36 |
Recepa a 05 m sem desbrota | 32 |
Recepa a 025 m sem desbrota | 25 |
Recepa a 1 m com desbrota | 45 |
Recepa a 075 m com desbrota | 36 |
Recepa a 05 m com desbrota | 36 |
Recepa a 025 m com desbrota | 25 |
Fonte: Santinato R. et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 15. Resposta do cafeeiro a podas no Cerrado sequeiro resultado de duas safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha | 20 |
Poda seletiva | 24 |
Decote a 24 m | 31 |
Decote a 24 m + esqueletamento | 24 |
Fonte: Santinato R. et al. (2016). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 16. Resposta do cafeeiro a tipos de podas no Cerrado sequeiro Mundo Novo resultado de duas safras.
Espaçamento (linha/planta) | Produtividade |
m | Sacas/ha |
Testemunha | 36 |
Decote a 2 m | 30 |
Decote a 2 m + desponte | 26 |
Decote a 1 m | 23 |
Decote a 1 m com desponte | 23 |
Fonte: Santinato R. et al. (1999). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 17. Resposta do cafeeiro a tipos de podas no Cerrado resultados de duas safras.
Tratamentos | Produtividade |
Sacas/ha | |
Testemunha | 40 |
Decote 18 m sem desbrota | 39 |
Decote 18 m com desbrota | 32 |
Decote 18 m com esqueletamento | 31 |
Fonte: Santinato R. et al. (2008). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Sul de Minas:
Em Varginha Garcia et al. (1998) avaliaram tipos de podas em um Mundo Novo sequeiro 4 x 1 m (2.5000 plantas/ha) durante 6 safras. O tipo de poda menos drástico sem esqueletamento e sem desbrota após decote além de menos oneroso obteve a maior produtividade com 41 sacas/ha.
No trabalho de Miguel et al. (1999) testou-se a resposta do cafeeiro a associação de decote + esqueletamento em diferentes intensidades de poda em Varginha Mundo Novo (4 x 2 m 2.500 plantas/ha) e Catuaí (35 x 1 m 2.857 plantas/ha) resultados 5 safras após. Os melhores resultados foram para o Mundo Novo o decote mais desponte de 03 m e para o Catuaí o decote sem desponte produzindo 39 e 46 sacas/ha respectivamente.
Sobre a necessidade de desbrotar o café Miguel et al. (1985) estudaram em um Mundo Novo sequeiro em São Gonçalo do Sapucaí plantas com 2 m de altura espaçamento 5 x 1 m (2.000 plantas/há) lavoura de 4 anos resultados de 4 safras. A poda simples apenas por decote sem desbrota após decote produziu 40 sacas/ha.
Em espaçamentos mais adensados na linha como 25 m o melhor resultado se deu pela combinação entre decote e desponte lateral produzindo 48 sacas/ha. Os resultados foram obtidos por Abreu et al. (2005) em Santo Antônio do Amparo Catuaí sequeiro 25 x 1 m (4.000 plantas/há) com oito anos ao longo de seis safras.
Em espaçamentos mais largos 35 e 4 m para o Catuaí apenas a poda por decote resulta nos melhores resultados produtivos. Quando se adensa na linha indo para 25 m há a necessidade de se fazer um desponte lateral combinado com o decote. No Mundo Novo espaçado em 4 m entre as linhas o decote pode ser ou não associado com o desponte lateral. A recepa não foi boa opção.
Tabela 18. Resposta do cafeeiro a podas no Sul de Minas sequeiro resultados de seis safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 32 |
Decote 16 m sem desbrotar | 41 |
Decote 16 m (1 haste) | 39 |
Decote 16 m (2 hastes) | 40 |
Decote 16 m (desbrota total) | 22 |
Decote 16 m (2 hastes) + desponte | 38 |
Decote 16 m (2 hastes) + esqueletamento | 40 |
Fonte: Garcia et al. (1998). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 19. Resposta do cafeeiro a podas no Sul de Minas sequeiro resultados de 5 safras.
Tratamentos | Cultivar | |
Mundo Novo | Catuaí | |
Produtividade | ||
sacas/ha | ||
Testemunha | 31 | 39 |
Recepa 08 m sem desponte | 33 | 40 |
Recepa 08 m com desponte 03 m | 30 | 34 |
Recepa 08 m com desponte 06 m | 32 | 32 |
Decote 12 m sem desponte | 35 | 39 |
Decote 12 m com desponte 03 m | 34 | 37 |
Decote 12 m com desponte 06 m | 28 | 40 |
Decote 16 m sem desponte | 31 | 46 |
Decote 16 m com desponte 03 m | 39 | 45 |
Decote 16 m com desponte 06 m | 37 | 47 |
Recepa 03 m | 25 | 20 |
Fonte: Miguel et al. (1999). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 20. Resposta do cafeeiro a poda por decote no Sul de Minas sequeiro 4 safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 36 |
Decote sem desbrota | 40 |
Decote com desbrota constante | 33 |
Decote com desbrota conduzindo 2 brotos | 38 |
Fonte: Miguel et al. (1985). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 21. Resposta do cafeeiro a podas no Sul de Minas sequeiro seis safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Recepa 03 m | 25 |
Recepa 08 m + pulmão | 36 |
Decote 18 m | 47 |
Decote 18 m + desponte 06 m | 48 |
Desponte 06 m sem decote | 44 |
Fonte: Abreu et al. (2005). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Montanha:
Os resultados de Matiello et al. (2013) em Martins Soares Catuaí 3 x 1 m (3.333 plantas/ha) sequeiro com 14 anos de idade na média de cinco safras indicam que a melhor opção de poda foi a poda minimamente drástica com decote a 16 m sem desbrota posterior ao corte produzindo 66 sacas/ha. No caso desta situação o decote a 16 m foi superior a 2 m do contrário das respostas das outras regiões. Isso pode estar ligado principalmente devido ao espaçamento entre plantas dessa situação ser menor 3 m entre linhas e ainda ter o relevo declivoso com mais de 35% de declividade o que pode reduzir a incidência de luz no interior da lavoura afetando negativamente a produtividade. Outro ponto é que para esta condição o decote mais baixo facilita a colheita que nessa situação é manual ou semi mecanizada. A recepa não foi boa opção.
Tabela 22. Resposta do cafeeiro a podas na Montanha sequeiro cinco safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 53 |
Decote a 2 m com desbrota | 63 |
Decote a 2 m sem desbrota | 64 |
Decote a 16 m com desbrota | 55 |
Decote a 16 m sem desbrota | 66 |
Esqueeltamento e decote a 2 m com desbrota | 64 |
Esqueletamento e decote a 2 m sem desbrota | 64 |
Esqueletamento e decote a 16 m com desbrota | 62 |
Esqueletamento e decote a 16 m sem desbrota | 65 |
Recepa a 08 m | 50 |
Recepa a 03 m | 44 |
Fonte: Matiello et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Indicações por região clima irrigação e espaçamento:
b) Detalhamento sobre as podas: Como fazer?
Decote:
Em Araguari Catuaí 36 x 05 m (5.555 plantas/ha) irrigado via gotejamento Santinato R. et al. (2013) testaram a altura de decote o resultados na média de 3 safras foi melhor para o decote mais alto testado 2 m produzindo 56 sacas/ha. Em Varginha Mundo Novo 4 x 15 m (1.666 plantas/ha) sequeiro Matiello et al. (2006) testaram a altura de decote e os resultados na média de 3 safras apontaram melhor resposta para o decote feito o mais alto possível 23 m produzindo 25 sacas/ha.
Tabela 23. Resposta do cafeeiro a altura de decote no Cerrado irrigado 3 safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 38 |
Decote a 2 m | 56 |
Decote a 175 m | 48 |
Decote a 15 m | 43 |
Fonte: Santinato R. et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 24. Resposta do cafeeiro a altura de decote no Sul de Minas Mundo Novo sequeiro 3 safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 35 |
Decote a 23 m | 25 |
Decote a 2 m | 18 |
Decote a 17 m | 13 |
Fonte: Matiello et al. (2006). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
No entanto o decote deve ser regulado dependendo da estruturação do ramo ortotropico devendo ser podado quando o ramo esta lignificado não havendo resultados positivos quando o decote é feito no ramo ainda herbáceo como é demonstrado por Santinato R. et al. (2016) que testaram podas leves em Araguari irrigado via gotejamento Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/há) com plantas de altura superior a 3 m 3 safras. Nessas condições houve a necessidade de se cortar 45 cm do ramo para obter a maior produtividade de 48 sacas/ha.
Tabela 25. Resposta do cafeeiro a podas leves no Cerrado irrigado três safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 34 |
Decote 15 cm | 37 |
Decote 30 cm | 47 |
Decote 45 cm | 48 |
Fonte: Santinato R. et al. (2016). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Santinato R. et al. (2006) estudaram a poda por decote com e sem bandeirinha sendo bandeirinha a denominação de um ramo plagiotrópicos eleito para permanecer junto ao ramo ortotrópico após o decote. O trabalho foi feito em Barreiras BA em um Catuaí irrigado via pivô no espaçamento 38 x 05 m (5.263 plantas/ha) resultados de 3 safras. Os resultados mostraram que não há necessidade de condução por bandeirinha e que quanto mais alto o decote melhores foram as respostas produtivas produzindo 71 sacas/ha.
Tabela 26. Resposta do cafeeiro a poda por decote com e sem bandeirinha em cafeeiro irrigado via pivô Região quente 3 safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 74 |
Com bandeirinha a 075 m | 64 |
Com bandeirinha a 1 m | 60 |
Com bandeirinha a 125 m | 58 |
Com bandeirinha a 15 m | 62 |
Com bandeirinha a 175 m | 71 |
Com bandeirinha a 2 m | 70 |
Sem bandeirinha a 075 m | 58 |
Sem bandeirinha a 1 m | 61 |
Sem bandeinha a 125 m | 64 |
Sem bandeinha a 15 m | 64 |
Sem bandeirinha a 175 m | 64 |
Sem bandeirinha a 2 m | 71 |
Fonte: Santinato R. et al. (2006). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Esqueletamento:
Em Varginha Mundo Novo 4 x 1 m (2.500 plantas/ha) e Catuaí 38 x 08 m (3.289 plantas/ha) sequeiro avaliou-se a resposta do cafeeiro a frequência de podas ao longo de 14 safras (Garcia et al. 2017). As podas foram feitas com decote a 18 m de altura e esqueletamento a 05 m do tronco. Nesses espaçamentos largos 38 a 4 m entre linhas as menores frequências de podas (a cada 4 anos) apresentaram os melhores resultados para Mundo Novo e Catuaí. Corroborando com os trabalhos anteriores já citados de Miguel et al. (1985); Miguel et al. (1999) e Garcia et al. (1998) para o Catuaí nesse espaçamento a poda minimamente drástica por decote foi a melhor opção produzindo 40 sacas/ha. Para o Mundo Novo o decote associado ao esqueletamento produzindo 55 sacas/ha.
Tabela 27. Resposta do cafeeiro a frequência de podas Sul de Minas sequeiro 14 safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Catuaí Testemunha | 43 |
Catuaí Safra zero a cada 2 anos | 32 |
Catuaí Safra zero a cada 3 anos | 33 |
Catuaí Safra zero a cada 4 anos | 36 |
Catuaí Decote a cada 4 anos | 40 |
Mundo Novo Testemunha | 59 |
Mundo Novo Safra zero a cada 2 anos | 46 |
Mundo Novo Safra zero a cada 3 anos | 45 |
Mundo Novo Safra zero a cada 4 anos | 55 |
Mundo Novo Decote a cada 4 anos | 50 |
Fonte: Garcia et al. (2017). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Santo et al. (2003) testaram em Luis Eduardo Magalhães Catuaí 4 x 05 m (5.000 plantas/ha) podas de reforma de lavoura com resultados de 4 safras. Em áreas extremamente quentes em que o lado do cafeeiro exposto ao Sol da tarde sofre mais com os efeitos danosos da escaldadura o esqueletamento realizado exclusivamente neste lado resultou na maior produtividade produzindo 53 sacas/ha.
Tabela 28. Resposta do cafeeiro a podas em Região quente irrigado quatro safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 54 |
Esqueletamento dos dois lados 05 m + decote 18 m | 38 |
Esqueletamento lado sol da manhã 05 m + decote 18 m | 45 |
Esqueletamento lado sol da tarde 05 m + decote 18 m | 53 |
Recepa 04 m sem pulmão | 29 |
Recepa 04 m com pulmão | 29 |
Fonte: Santo et al. (2003). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Pelos resultados obtidos por Santinato et al. (2013) na Bahia em cafeeiro Catuaí irrigado via Pivô e de Miguel em Varginha em cafeeiros Mundo Novo e Catuaí sequeiro Santinato F et al. (2020) preparou a seguinte tabela sobre distância de corte do esqueletamento.
Ficou evidente que o esqueletamento no Catuaí tanto em áreas quentes quanto em regiões de clima ameno deve ser feito mais distante do tronco possível. Já para o Mundo Novo em região de clima ameno a poda deve ser feita mais próxima do tronco. Isso ocorre provavelmente pela maior habilidade do Catuaí em ramificar-se através do palmeamento. O Mundo Novo por ter pouco palmeamento e também por ter ramos muito longos e mais finos que os do Catuaí devem ser cortados mais próximo do tronco aonde são mais lignificados e grossos.
Tabela 29. Resposta do cafeeiro distância de corte do esqueletamento (resumo).
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Áreas quentes | |
Catuaí Decote 22 m + esqueletamento 05 m | 35 |
Catuaí Decote 22 m + esqueletamento 025 m | 34 |
Catuaí Decote 18 m + esqueletamento 05 m | 39 |
Catuaí Decote 18 m + esqueletamento 025 m | 26 |
Sul de Minas | |
Mundo Novo Decote 12 m com desponte 03 m | 34 |
Mundo Novo Decote 12 m com desponte 06 m | 28 |
Mundo Novo Decote 16 m com desponte 03 m | 39 |
Mundo NovoDecote 16 m com desponte 06 m | 37 |
Catuaí Decote 12 m com desponte 03 m | 37 |
Catuaí Decote 12 m com desponte 06 m | 40 |
Catuaí Decote 16 m com desponte 03 m | 45 |
Catuaí Decote 16 m com desponte 06 m | 47 |
Fonte: Santinato F. et al. (2020). – Dados não publicados.
Recepa:
Sobre as recepas sabe-se que por não ocorrerem de forma homogênea as rebrotas irregulares reduzem o estande de plantas a cada vez que a recepa é procedida. Em um estudo de 15 safras Garcia et al. (1999) Mundo Novo em Varginha verificou-se o seguinte:
Tabela 30. Resposta do cafeeiro a podas Sul de Minas Mundo Novo 5 safras.
Espaçamento e poda | Densidade inicial | Densidade final | Redução de densidade de plantas | |
m | Plantas/ha | % | ||
2 x 05 (recepado) | 10.000 | 7.200 | 28 | |
2 x 1 (recepado) | 5.000 | 2.800 | 44 | |
25 x 05 (recepado) | 8.000 | 6.240 | 22 | |
4 x 15 (decotado/recepado) | 1.666 | 1.428 | 14 | |
4 x 2 (decotado/recepado) | 2.500 | 2.250 | 10 | |
Fonte: Garcia et al. (1999). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Por causa disto e do elevado custo as recepas são realizadas cada vez menos na cafeicultura sendo a última opção de poda. Deve-se realizar somente quando a lavoura já apresenta pequena quantidade de ramos laterais que desapareceram em função da competição por luz ocasionada pelo excesso de auto sombreamento e a não realização de desbrotas durante a formação da lavoura.
Barros et al. (2000) avaliaram o número de hastes para condução de recepa do cafeeiro em espaçamento 2 x 07 m (7.142 plantas/ha) em Martins Soares ao longo de cinco safras. Paulini et al. (1980) testaram poda em Conillon como fazer a recepa espaçado em 25 x 25 m (1.600 plantas/ha) em Baixo Guandú 5 safras. Jabor et al. (1985) estudaram o número de hastes ideal para condução de Conillon em Marilândia ao longo de 6 safras em um espaçamento 45 x 25 m 2 mudas por cova (1.600 plantas/ha).
Tanto para arábica quanto para Conillon o melhor número de hastes deixadas após a recepa foram duas.
Tabela 31. Resposta do cafeeiro a número de brotos por plantas para espaçamento 2 x 07 m (7.154 plantas/há) na Montanha sequeiro 5 safras.
Nº de hastes | Produtividade |
Sacas/ha | |
1 | 70 |
2 | 82 |
3 | 75 |
4 | 78 |
Livre | 78 |
Fonte: Barros et al. (2000). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 32. Resposta do cafeeiro a poda por recepa em conillon na Montanha sequeiro 5 safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Recepa total deixando 3 ramos na rebrota | 56 |
Recepa deixando 1 haste e 3 ramos na rebrota | 86 |
Testemunha com eliminação de uma linha | 72 |
Fonte: Paulini et al. (1980). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 33. Resposta do cafeeiro a número de hastes em Conillon na Montanha sequeiro 6 safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 20 |
2 hastes/cova | 15 |
4 hastes/cova | 18 |
6 hastes/cova | 18 |
8 hastes/cova | 18 |
12 hastes/cova | 19 |
Fonte: Jabor et al. (1985). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Compilando os dados de: Matiello et al. (2010); Matiello et al. (2013); Abreu et al. (2005); Miguel et al. (1999); Santo et al. (2003) e Santinato R. et al. (2013) Santinato F. et al. (2020) preparou a seguinte Tabela sobre respostas do cafeeiro a diferentes tipos de recepa.
A recepa deve ser feita até 80 cm de altura do solo evitando recepas baixas de 30 e 40 cm do solo. A opção de conduzir uma recepa alta com pulmão eleva as produtividades e as recepas devem ser desbrotadas ao longo de sua condução
Tabela 34. Resposta do cafeeiro a diferentes tipos de recepa (resumo).
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Áreas quentes e irrigadas | |
Pirapora Irrigado Pivô Recepa a 40 cm do solo | 40 |
Pirapora Irrigado Pivô Recepa a 70 cm do solo | 47 |
L. E. Magalhães Irrigado Pivô Recepa a 40 cm do solo sem pulmão | 29 |
L. E. Magalhães Irrigado Pivô Recepa a 40 cm do solo com pulmão | 29 |
Cerrado | |
Araguari irrigado recepa a 25 cm sem desbrota | 25 |
Araguari irrigado recepa a 25 cm com desbrota | 25 |
Araguari irrigado recepa a 05 m sem desbrota | 32 |
Araguari irrigado recepa a 05 m com desbrota | 36 |
Araguari irrigado recepa a 075 m sem desbrota | 36 |
Araguari irrigado recepa a 075 m com desbrota | 36 |
Araguari irrigado recepa a 1 m sem desbrota | 41 |
Araguari irrigado recepa a 1 m com desbrota | 45 |
Sul de Minas | |
Santo Antônio do Amparo Recepa a 30 cm do solo sem pulmão | 25 |
Santo Antônio do Amparo Recepa a 80 cm do solo com pulmão | 36 |
Varginha Recepa a 30 cm do solo Mundo Novo | 25 |
Varginha Recepa a 80 cm do solo Mundo Novo | 33 |
Varginha Recepa a 30 cm do solo Catuaí | 20 |
Varginha Recepa a 80 cm do solo Catuaí | 40 |
Montanha | |
Recepa a 30 cm do solo | 44 |
Recepa a 80 cm do solo | 50 |
Fonte: Santinato F. et al. (2020). – Dados não publicados.
Abreu et al. (2005) testou épocas de poda por esqueletamento mais decote em Santo Antônio do Amparo Catuaí 25 x 1 m (4.000 plantas/ha) com 8 anos de idade na média de seis safras. Fagundes et al. (2011) testaram em Varginha época de podas por esqueletamento (35 cm) e decote (2 m) feitas quando as lavouras tinham mais de 20 anos de idade na média de seis safras. Santinato R. et al. (2013) testaram em Araguari irrigado via gotejamento Catuaí 37 x 07 m (3.861 plantas/ha) lavoura de 10 anos épocas de decote à 22 m na média de 4 safras. Rosa et al. (2014) estudaram em Martins Soares Catuaí 2 x 1 m (5.000 plantas/ha) época de recepa na média de 5 safras.
Em quase todas as situações no Sul de Minas Cerrado ou Montanha a melhor época de poda do café foi o mais cedo possível. Isso pois a planta teria mais tempo hábil de crescer e produzir nós produtivos para constituir a produtividade da safra seguinte.
Tabela 35. Resposta do cafeeiro a épocas de podas no Sul de Minas sequeiro seis safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Agosto | 42 |
Outubro | 43 |
Dezembro | 36 |
Fonte: Abreu et al. (2005). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 36. Resposta do cafeeiro a épocas de podas no Sul de Minas sequeiro seis safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Mundo Novo testemunha | 30 |
Mundo Novo julho | 36 |
Mundo Novo agosto | 35 |
Mundo Novo setembro | 33 |
Mundo Novo outubro | 29 |
Mundo Novo novembro | 31 |
Mundo Novo dezembro | 32 |
Catuaí testemunha | 36 |
Catuaí julho | 29 |
Catuaí agosto | 30 |
Catuaí setembro | 32 |
Catuaí outubro | 29 |
Catuaí novembro | 31 |
Catuaí dezembro | 31 |
Fonte: Fagundes et al. (2011). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 37. Resposta do cafeeiro a épocas de podas no Cerrado irrigado quatro safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Agosto | 49 |
Setembro | 45 |
Outubro | 45 |
Novembro | 48 |
Fonte: Santinato R. et al. (2013). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Tabela 38. Resposta do cafeeiro a épocas de podas na Montanha sequeiro cinco safras.
Tratamentos | Produtividade |
sacas/ha | |
Testemunha | 52 |
Julho | 42 |
Agosto | 40 |
Setembro | 37 |
Dezembro | 34 |
Fonte: Rosa et al. (2014). In Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.
Dr. Felipe Santinato – Pesquisador e Consultor da Santinato Cafés; Pós doutorando IAC Campinas SP.
Engenheiro Agrônomo formado na UNESP Jaboticabal (05/08/2013) Mestre em Produção Vegetal pela UFV Rio Paranaíba (22/07/2014) Doutor em Produção Vegetal pela UNESP Jaboticabal (05/12/2016) trabalhando principalmente com Nutrição de plantas Colheita mecanizada do café e Agricultura de Precisão. Publicou dois livros 39 Artigos Científicos Nacionais e Internacionais 133 Trabalhos publicados na área cinco Capítulos de Livros nove Boletins Técnicos ministrou cerca de 69 palestras e treinamentos para agrônomos consultores e cafeicultores em todo território cafeeiro. Atualmente é aluno de Pós Doutorado no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) aonde realiza pesquisas objetivando aumentar a eficiência na utilização dos nutrientes na cafeicultura entendimento e redução da bienalidade produtiva e sustentabilidade do processo de produção de café. Também lidera um amplo projeto interinstitucional sobre resistência a seca bicho mineiro nematoides e produtividade com novas variedades em áreas irrigadas e de sequeiro em quatro localidades do Cerrado Mineiro e Goiano. Produz café em São Paulo e Minas Gerais presta consultoria em Fazendas e coordena cinco Campos Experimentais (São João da Boa Vista SP; Patos de Minas MG; Rio Paranaíba MG; Araxá MG e João Pinheiro MG).