Revisões dos trabalhos de café (espaçamento podas adubação e irrigação) Respostas e Recomendações dos últimos 90 anos (1929-2019)
Dr. Felipe Santinato; Roberto Santinato; José Braz Matiello; Victor Afonso Reis Gonçalves
Acesse: www.santinatocafes.com
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Resposta do Cafeeiro ao uso da Tecnologia Cafeeira
De posse dos dados da Revisão sobre os trabalhos: espaçamento podas adubação de matéria orgânica nitrogênio e potássio e sua relação calagem gessagem magnésio micronutrientes (B Zn Cu Mn Fe) e irrigação de 1929 a 2019 (90 anos) aonde foram compilados 330 trabalhos de múltiplas safras (mais que quatro safras consecutivas) desde a fase de formação e/ou em lavouras adultas fizemos uma seleção para a apresentação dos resultados das Repostas do Cafeeiro à Tecnologia.
Selecionamos 217 trabalhos sendo 86 deles realizados no Cerrado (Cerrado mineiro goiano Baiano Norte de Minas Pernambuco e Mato Grosso) 54 na Montanha (Zona da Mata de Minas Gerais Espírito Santo e Rio de Janeiro) 23 em São Paulo (Baixa média e alta Mogiana e região de Garça/Marilia e Paraná) e Sul de Minas Gerais (Sul de Minas Centro de Minas).
Utilizou-se neste comparativo a produtividade máxima obtida com a Tecnologia utilizada seja ela o melhor espaçamento poda melhor dose de micronutriente matéria orgânica irrigação e etc. com a produtividade obtida pelo tratamento padrão da época e/ou a testemunha dependendo do experimento. Com isso foi possível verificar de forma isolada o que cada Tecnologia representou em aumento de produtividade em cada época estudada. Além disso foi possível verificar o quanto a produtividade do cafeeiro elevou-se ao longo das décadas. As produtividades obtidas são o máximo que o cafeeiro conseguiu obter em cada região e em cada época nos experimentos obviamente não representando a produtividade média da região mas sim a produtividade atingível com o uso das Tecnologias. As produtividades obtidas são a média de no mínimo quatro safras havendo dados com mais de 10 safras de média.
Resultados:
Os resultados evidenciam a importância de cada uma das Tecnologias estudadas para o aumento do potencial produtivo do cafeeiro. A medida que o período passou as produtividades aumentaram devido a Tecnologia estudada e também a soma de todas elas. Algumas Tecnologias foram responsáveis por aumentos de 5 sacas/ha outras até por dobrarem e até triplicarem as produtividades como é o caso do fator espaçamento mais adensado na Zona da Mata de Minas Gerais que após os trabalhos da década de 1990” tiveram um aumento na produtividade de quase 3 vezes. A calagem também fundamental foi responsável por dobrar a produtividade dos cafeeiros através dos trabalhos realizados na década de 1980”. A irrigação foi um dos fatores que mais aumento a produtividade a produtividade do cafeeiro em todas as regiões levando a patamares produtivos bem mais elevados.
Figura 1. Resposta do cafeeiro à Irrigação 23 resultados.
Figura 2. Resposta do cafeeiro à Matéria orgânica 28 resultados.
Figura 3. Resposta do cafeeiro à Calagem 13 resultados.
Figura 4. Resposta do cafeeiro à Calibração dos níveis de Nitrogênio e Potássio e sua relação 41 resultados.
Figura 5. Resposta do cafeeiro à Boro 14 resultados.
Figura 6. Resposta do cafeeiro à Cobre 7 resultados.
Figura 7. Resposta do cafeeiro à Zinco 17 resultados.
Figura 8. Resposta do cafeeiro à Fósforo 22 resultados.
Figura 9. Resposta do cafeeiro à Espaçamento 30 resultados.
Figura 10. Resposta do cafeeiro à Podas 19 resultados.
Figura 11. Variação da produtividade máxima (média móvel de no mínimo 4 safras seguidas) do cafeeiro ao longo do tempo 217 resultados.
Figura 12. Aumento da produtividade máxima (média móvel de no mínimo quatro safras seguidas) ao longo do tempo nas principais Regiões produtoras.
Ao compararmos a produtividade máxima obtida em cada Região temos que no Cerrado desde 1980” as produtividades já eram mais elevadas que nas demais regiões muito provavelmente por já utilizarem boa parte das Tecnologias desenvolvidas na época tais como calagem aplicação de micronutrientes tais como B Zn e espaçamentos mais modernos. Isso ocorreu por tratar-se de uma região “nova” na época com solos mais pobres e exigentes e o início desta cafeicultura se deu embarcado com essas tecnologias. Posterior a isto a cafeicultura do Cerrado teve outro aumento de produtividade em função da utilização Irrigação aumentando sua produtividade e com crescimento em sua utilização a partir dos anos 1990” o que permitiu a expansão da cafeicultura em áreas antes impraticáveis devido aos déficits hídricos superiores aos permitidos pela cultura de café arábica. Em resumo as produtividades máximas que eram de 35-40 sacas/ha passaram a ser de 50-55 sacas/ha.
No Sul de Minas Gerais aonde a cafeicultura se assemelhava a de São Paulo em nível de Tecnologia sendo regiões mais tradicionais foi aumentando sua produtividade a medida que as Tecnologias foram se desenvolvendo inclusive passando a utilizar a Irrigação a partir dos anos 2000” mesmo em áreas em que tradicionalmente não se irrigava. A principal diferença entre Sul de Minas e São Paulo/Paraná eram os solos mais férteis de São Paulo e Paraná e por conta disto o uso da calagem no Sul de Minas foi fundamental para o aumento da produtividade. Resumindo as produtividades máximas obtidas que eram de 20 a 30 sacas/ha passaram a ser de 40-45 sacas/ha.
Na Zona da Mata e Espírito Santo (Montanha) particularmente houve o maior acréscimo de produtividade dentre as regiões estudadas. A partir dos trabalhos realizados na década de 1990’ na década de 2000” houve um crescimento abruptos na produtividade em função da reforma dos espaçamentos que passaram a ser adensados com mais de 6.000 plantas/ha depois estabilizando-se. Claro que as outras Tecnologias também contribuíram mas de fato o espaçamento foi titular. As produtividades máximas obtidas que eram de 15-20 sacas/ha passaram a ser de 55-60 sacas/ha.
Como já foi dito obviamente os dados não representam as produtividades médias das regiões visto que não são todos os produtores adeptos à 100% das Tecnologias desenvolvidas. Comparando as produtividades obtidas nos levantamentos nacionais de produção de café no Brasil de forma geral as maiores produtividades são encontradas no Cerrado e as menores na Zona da Mata. As maiores produtividades do Cerrado ocorrem desde 1990” em lavouras altamente tecnificadas utilizando as Tecnologias de irrigação e maiores níveis de adubação das então praticadas na época. Somente mais tarde as regiões de São Paulo e Sul de Minas Gerais passaram a irrigar e aumentar os níveis de adubação alcançando patamares produtivos muito próximos às do Cerrado que por sua vez se estabilizaram.
Aparentemente novos aumentos de produtividades máximas estão cada vez mais difíceis de serem obtidos diferentemente dos aumentos obtidos nas décadas de 1970” e 1980” onde as produtividades dobravam ou triplicavam. Ao que aparece novos aumentos poderão ser obtidos trabalhando com novas cultivares de café visto que estas tem apresentado potencial produtivo até 20% superiores às cultivares tradicionais Catuaís e Mundo Novo/Acaiá das quais foram utilizadas para fazer a maior parte dos 217 trabalhos relacionados nesta análise sendo este o desafio futuro das pesquisas cafeeiras.
Dr. Felipe Santinato – Pesquisador e Consultor da Santinato Cafés; Pós doutorando IAC Campinas SP.
Engenheiro Agrônomo formado na UNESP Jaboticabal (05/08/2013) Mestre em Produção Vegetal pela UFV Rio Paranaíba (22/07/2014) Doutor em Produção Vegetal pela UNESP Jaboticabal (05/12/2016) trabalhando principalmente com Nutrição de plantas Colheita mecanizada do café e Agricultura de Precisão. Publicou dois livros 39 Artigos Científicos Nacionais e Internacionais 133 Trabalhos publicados na área cinco Capítulos de Livros nove Boletins Técnicos ministrou cerca de 69 palestras e treinamentos para agrônomos consultores e cafeicultores em todo território cafeeiro. Atualmente é aluno de Pós Doutorado no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) aonde realiza pesquisas objetivando aumentar a eficiência na utilização dos nutrientes na cafeicultura entendimento e redução da bienalidade produtiva e sustentabilidade do processo de produção de café. Também lidera um amplo projeto interinstitucional sobre resistência a seca bicho mineiro nematoides e produtividade com novas variedades em áreas irrigadas e de sequeiro em quatro localidades do Cerrado Mineiro e Goiano. Produz café em São Paulo e Minas Gerais presta consultoria em Fazendas e coordena cinco Campos Experimentais (São João da Boa Vista SP; Patos de Minas MG; Rio Paranaíba MG; Araxá MG e João Pinheiro MG).